quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

FELIZ 2009 - POR UMA VIDA MELHOR & MELHORES SERVIÇOS






Feliz 2009, e em legenda às fotos que acompanham este post:

  1. Que meus sobrinhos e todas as crianças desta pátria amada (amada sim e de muita gente trabalhadora apesar de haverem muitos que roubam) tenham muitos motivos para festejar como a Lethícia (filha do Muthisse) teve a 20/12/2009 (6 anos);
  2. Que haja mais fiscalização no trânsito e, em particular, nos transportes colectivos e semi-colectivos no sentido de controlar a sua lotação e que se faça uma purga dos que não tenham condições de circularem na via pública com as mínimas condições de segurança;
  3. Que haja maior investimento em transporte públicos para que o meu povo não seja transportado como gado em carros cuja vocação é outra alguns dos quais, de certeza, nem deviam estar a circular em Moçambique ainda por cima com matrícula estrangeira e sem, de certeza também, seguro absolutamente nenhum;
  4. Que a polícia, sempre presente em ambas margens da via que atravessa a fábrica Mac Mahon e se prolonga até ao estádio da Machava, não feche os olhos a estes atentados à vida das pessoas que as imagens documentam.
Boas festas a todos

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Transporte & Trânsito, Um Problema Muito Sério




Mutisse, secundando Carlos Serra aqui, falou do problema sério que são os chapas aqui. Não vou repetir o que os dois disseram. Deixo vos com as imagens abaixo. Se o professor se escandalizou com "um chapa 25 lugares. Estado miserável, todo cheio de mazelas, um horror fumegante, pneus carecas, o pneu traseiro esquerdo em baixo, completamente lotado de estudantes e funcionários," não imagino como se sentirá ao ver as imagens abaixo.

Imaginam os engarrafamentos também? Vejam as imagens.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

RÁDIO & LIXO - Taxas ou Impostos?

Em tempos, Júlio Mutisse publicou aqui e aqui postagens nas quais chamava a debate questões relativas à taxa de lixo e à taxa de Rádio.

Recordo me que nesse tempo, o mote foram as dúvidas suscitadas na colega Maria João Hunguana quando o Conselho Municipal da Cidade de Maputo (CMCM) anunciou que “doravante o não pagamento da taxa de lixo pelo munícipe implicará a interrupção imediata do fornecimento de energia eléctrica”.

A questão, nesse tempo (e que permanece actual) era: trata-se afinal de uma taxa strictu sensu ou de imposto, tendo em conta a natureza do acto gerador de cada uma destas figuras.

É que o imposto é criado por lei (Cfr art 100 CRM), daí o seu carácter genérico e injuntivo enquanto que a taxa corresponde a um dever em face da contraprestação dum serviço.

Com que bases a polícia nos exige comprovativo de pagamento da taxa de radiodifusão?

Tal como naquela altura, quem estiver melhor informado à respeito agradeço que me elucide... Note-se que o legislador da CRM ao se referir à lei como acto gerador do imposto reporta-se aos actos legislativos da AR e do Conselho de Ministros (Cfr art 143 CRM). Tal como se referia aqui tratando-se de uma taxa, significará que ao nosso dever de pagá-la corresponde o dever de receber o serviço correspondente. Se o meu rádio no carro não capta nenhuma emissora da RM posso recusar me a pagar. Certo?

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Os Absurdos de Maputo

Que Maputo é a cidade das obras já tinha ouvido falar. Pequenas, médias, públicas, privadas. Há um pouco de tudo. Inclusive, um grande esforço está sendo feito no sentido de melhorar os acessos a cidade de cimento com a abertura, por exemplo, da segunda faixa da avenida Joaquim Chissano e a reabilitação/pavimentação de muitas outras importantes vias.

O que, a meu ver, é um absurdo, incompreensível e absurdo é permitir-se o fechamento de 3 ruas seguidas a partir da Joaquim Chissano nomeadamente, Milagre Mabote, Malhangalene e Resistência, sem deixar aos residentes de qualquer dessas ruas (os que vivem nos quarteirões circunvizinhos a Joaquim Chissano) alternativas de chegarem as suas casas com os seus veículos.

Até há 2 semanas a rua da resistência era a alternativa. Também foi fechada para obras. Nos dias 28 e 29 ainda era possível furar pela areia batida para encontrar ruelas que te levem a Rua da Malhangalene e Milagre Mabote mas, qual não é o meu espanto hoje, ao retornar a cidade de Maputo (vivo e trabalho no Xai-Xai) não tinha NENHUM acesso disponível até a minha casa. Tive que deixar o carro na Vladimir Lenine e caminhar até a minha residência algures no interior do bairro de Maxaquene (outra alternativa era aturar o engarrafamento até ao Saul e voltar pela Rua da Malhangalene etc).

No regresso, o meu carro tinha sido vandalizado: fiquei sem reprodutor, discos, óculos, macaco, chave de rodas, pasta com meus livros, e sabe lá Deus o que mais. Tudo nas barbas da Polícia Municipal que controla os acessos e, inclusive, dos tantos trabalhadores afectos a tal obra.

É demais. Mesmo que as obras sejam para nosso bem, há que deixar alternativas para que possamos chegar às nossas casas onde possamos deixar os nossos bens com relativa segurança.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Observadores Internacionais não são Fiscais nem Capatazes

Observadores Internacionais não são Fiscais nem Capatazes

Nadira Inchala

Moçambique caminha a passos rápidos para as quartas eleições presidenciais e legislativas e as primeiras para as Assembleias Provinciais, no contexto da democracia multipartidária. Para participarem neste momento de festa, os organismos eleitorais do país convidaram observadores de países amigos. Tem havido um debate sobre a relevância e o papel destes observadores.

Por exemplo, uma amiga chamou a minha atenção para um anúncio patrocinado pelo Centro de Integridade Pública (CIP), que publicita uma Linha Azul para onde os cidadãos poderão comunicar todos os ilícitos eleitorais de que sejam testemunhas. Dizia-me essa amiga, que essas queixas seriam depois arroladas pela CIP e pela AWEPA para engrossar a lista de irregularidades com base nas quais se declararia que o processo eleitoral moçambicano não foi nem livre, nem justo.

Um líder de uma organização associativa que vai observar as eleições no quadro da sociedade civil moçambicana falou-me de um encontro que teve com alguns observadores internacionais da União Europeia. As perguntas que esses observadores fizeram àquele líder associativo visavam estabelecer a orientação política e ideológica da liderança dessa tal organização cívica. Queriam saber se a FRELIMO dominava ou não aquela organização cívica. Queriam saber se aquela organização cívica confiava no Conselho Constitucional apesar de, no dizer daqueles observadores, esta instituição estar dominada por juízes indicados pelo poder.

Conto estes casos porque, a serem verdadeiros, mostram que os observadores internacionais estão a querer exercer um papel que não lhes cabe. Estão a querer instituir-se em fiscais e em auditores do processo eleitoral. Os protocolos internacionais sobre observação eleitoral não outorgam aos observadores da União Europeia o papel de auditores e de fiscais. Eles vieram aqui, como amigos, para observarem se os órgãos eleitorais estão a cumprir a Lei eleitoral do país ou não.

Em meu entender, as bases da observação eleitoral não são as conversas que esses observadores estão a ter com pretensos líderes de uma chamada sociedade civil. As bases da observação eleitoral não são os títulos incendiários de alguma imprensa nacional e internacional. As bases da observação eleitoral não são as opiniões dos diplomatas europeus no país. A base objectiva da observação eleitoral é a maneira como os órgãos eleitorais estão a implementar a Lei eleitoral aprovada pelo Parlamento Moçambicano. Qualquer relatório subjectivo, que não se baseie no único critério objectivo disponível, a Legislação Eleitoral, não terá qualquer credibilidade.

Instâncias europeias fizeram, num passado recente, um esforço descomunal para que os órgãos eleitorais do país abandonassem as leis e passassem a adoptar um novo critério por eles trazido. O chamado critério da inclusão. Uma inclusão à revelia da Lei, diga-se. Esperamos que os observadores eleitorais sejam, neste âmbito, mais objectivos.

A propósito da Linha Verde da CIP/AWEPA talvez dizer que estamos à espera que nos apresentem um critério transparente de verificação e autentificação das denúncias que serão reportadas por telefone. Os critérios de verificação devem ser objectivos, credíveis, transparentes e ÍNTEGROS (para conferir com o nome da organização que paga os anúncios em que pontifica o nosso Mabjaia). O simples arrolamento dessas “denúncias”, sem qualquer verificação objectiva e transparente, não será aceitável.

O maior critério de validação destes resultados será, sem qualquer dúvida, a percepção dos próprios moçambicanos sobre como decorreu o processo de inscrição dos eleitores, como decorreu a validação dos concorrentes, como decorreu a campanha eleitoral, como decorreu o acto de votação e sobre como decorreram os actos de apuramento e validação. A Lei moçambicana regula cada um destes momentos. O principal interessado em eleições pacíficas, livres, transparentes e justas é o povo moçambicano. Os nossos amigos estrangeiros não estão mais interessados do que nós neste assunto. Quem está mais interessado em manter a paz, a estabilidade e a tranquilidade neste país são os moçambicanos. Nenhum estrangeiro está mais interessado do que nós neste aspecto.

Como mãe e mulher deste país achei importante dizer isto. Não aceitemos que nenhum estrangeiro nos ponha a lutar. Esforcemo-nos para credibilizar, nós próprios, este processo eleitoral. Em nome da tranquilidade e prosperidade dos nossos filhos.

Textos de Interesse:

Veja ESTE e ESTE também

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Adormecer a Juventude para Depois Acordá-la

Ando distante da blogosfera. A falta de actualização deste espaço e as poucas vezes que comento nos meus blogs de referência é comprovativo disso. Mas isso não implica que esteja distante dos assuntos de momento do meu país. Acompanho-os embora tempo me falte para pensar e blogar com a frequência que seria de desejar.

O Texto que trago hoje não é da minha autoria. Recebi de um amigo e será publicado no "Ngoma" cuja edição actual vai a público em breve.

Adormecer a Juventude para Depois Acordá-la.

O exaltado ambiente político de hoje trouxe a ideia generalizada de que os jovens estão excluidos do poder e/ou dos centros decisórios.

Renuncio à tentativa de discussão da veracidade ou não da presente sem as estatíticas oficiais que apontem nesse sentido. O que me ocorre é olhar para a prática e analizar o que esta nos diz.

Numa incursão aos sectores de Justiça, Educação, Saúde e outros, e com a abertura que o governo oferece, damo-nos conta de que a juventude está criando uma espécie de nova ordem, onde se sente a necessidade que esta tem de atuar, discutir e propor em prol do desenvolvimento do pais.

Uma nova ordem que desponta por exemplo no sector de saúde, com um corpo dirigente jovem (vide directores distritais e provinciais), médicos, técnicos de saúde e enfermeiros, maioritariamente jovens e na sua maioria nascidos após a independéncia. No sector de justiça, com juizes e procuradores jovens (quando se sabe que a Justiça é o terceiro poder, de quem depende em grande um Estado de Direito), como conselheiros dos venerandos juízes, como acessores dos ministros em todos os ministérios, no gabinete presidencial, nos governos provinciais e leccionando nas diversas faculdades e escolas.

Podia servir-me do exemplo do Estatuto Geral do Funcionários e Agentes do Estado e respectivo regulamento, que foi feito maioriatariamente por jovens nascidos após a independência. De quase todas as propostas de leis produzidas neste quinquénio, que foram amplamente discutidos por jovens, da revisão da legislação, etc.

Dito de outra forma, a juventude já se apercebeu de que deve ser participativa e activa em todo o processo de desenvolvimento da nação, já percebeu e bem a sua acção emancipadora, percebeu que o pais precisa de sua visão.

Esta é portanto uma realidade que os olhos despidos de interesses e causas conseguem ver, no entanto vozes há, que olham para os diversos problemas que ainda afectam número considerável de jovens como possibilidade de explorar os problemas destes e não a solução.

Estes, no lugar de despertar uma consciência emancipadora da juventude, procuram criar uma consciência de revolta, um pessimismo na avaliação dos factos. Quando deviam impulsionar a firmeza no propósito de superar os seus problemas fazem-nos parecer mais graves, tudo feito para convencer ao jovem que vive numa gruta de escuridão.

Esta, é parte de estratégia de adormecimento da juventude, que é para depois acordá-la com balde de água gelada, o que se sabe, pode provocar choques; uma impressão de que nada está sendo feito em prol da juventude e com toda a carga de probemas que daí podem advir.

A estratégia deste grupo, é alimentada por uma dúzia de jovens que se consideram iluminados e portanto, com legitimidade para traduzir o discurso da juventude inteira como se estes não fossem capazes de analizarem os seus problemas e pelas suas próprias lentes.

São estes pretensos “messias”, que se desdobram em vários, comentando em debates televisivos desde astrologia, direito, medicina à física nuclear mesmo sem formação e preparação para o efeito.

São os mesmos que vem com insinuações mal sustentadas, de que em Moçambique há partidos de jovens e que eles são os legítmos representantes da juventude, quando na verdade, a sua acção, se traduz em lançar poeira aos olhos da mesma.

O mais agravante nisto, quando se dá a ideia de que o jovem deve romper com tudo em nome de que quem faz é velho, mesmo quando o velho seja o acertado.

A ideia que se cria é de uma roptura entre duas gerações que podiam se complementar, mas não, o jovem, no ensinamento destes, deve abater a árvore velha, nem que esta produza frutos.

Não sou apologista de que o jovem não está preparado para o poder, sou sim, a favor do gradualismo na tomada do mesmo para que não se criem ropturas e continuidades, mesmo porque até para tomar o poder é preciso perceber esse mesmo poder.

Alguns até dirão que este pais, na sua gesta, foi dirigido por jovens que na sua acção governativa erraram e aprenderam com os seus erros, pelo que deviamos dar a oportunidade dos jovens de hoje também errar, o que não é de todo errado, mas, se pudermos evitar que estes erros sejam cometidos porquê não o fazemos? Até porque o momento histórico (integração regional e globalização) não permitem mais erros.

Mas voltemos ao nosso tema: está ou não o jovem no poder e nos centros decisórios?

Pelo acima descrito, dúvidas não há. Querer acreditar no contrário não passará da estratégia de adormecer o jovem para acordá-lo e daí reclamar as honras em té-lo acordado, como se tivesse dormido voluntariamente. É facto, que ainda temos um longo caminho a precorrer, mas daí, a necessidade de continuação deste governo que sempre se mostrou aberto a participação da juventude.

Dia 28, a juventude moçambicana, do posto administrativo até a província, do operário ao intelectual, devem ir as urnas com a missão clara de garantir a continuidade de quem fez , faz e sempre fará.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

MDM: Da Promoção da Vitimização ao Descrédito

Quando Martin de Sousa, no seu blog, fez um post intitulado "Conspiração Teorizada" a falange de apoio ao MDM, tanto na blogosfera, como noutros meios de comunicação caiu-lhe em cima.

A tese do Martin de Sousa baseava-se na ideia de que o fracasso de uma tentativa de assassinato, principalmente quando o tentador é um dos principais adversários, representa sempre um capital político forte. Atrai simpatias, solidariedade e pena. Dizia o Martin que a "génese do MDM e da popularidade do seu líder está nesses sentimentos. Ao ser excluído da corrida eleitoral, Daviz angariou simpatias e solidariedade das gentes da cidade da Beira. Daviz foi acolhido pelas bases da Renamo e por muitos sectores beirenses quando foi desamparado por Afonso Dlhakama e seus sequazes."

Nesse mesmo post Martin de Sousa, qual visionário dos tempos modernos já dizia que " é um facto que para os desafios que se avizinham, o expediente de coitadinho traído pela cúpula da Renamo não chega para atrair simpatias, solidariedade e apoios. É necessário um forte trabalho ideológico. Quando este se mostra insuficiente há que recorrer a outros." Na altura foi um atentado.

Agora havia que capitalizar a sua própria desorganização que ditou a sua desqualificação à corrida eleitoral em certos círculos eleitorais atirando-se com tudo contra a "injustiça" que era a sua desqualificação. Buscaram apoios na comunidade internacional através de certos embaixadores incautos como foram incautos os que compraram a história de uma aliança entre a Renamo e a Frelimo nas instituições legalmente constituídas em Moçambique para eliminar da corrida eleitoral o Coitadinho do MDM liderado pelo Coitadinho Daviz Simango.

Este ideal de vítima de coitadinho foi vendido até a saturação. Com a própria trapalhada na história das candidaturas junto a CNE com direito a recurso ao Conselho Constitucional, a ideia entrou em autêntica promoção. Acontece que fazer promoção desta ideia equivale a promover um produto fora do prazo, podre e fedido. Já ninguém compra.

Ademais, como disse alguém comentando no blog do Mutisse, as cartas que os nossos ilustres irmãos do MDM distribuíram na conferência de imprensa de reacção ao chumbo do CC, estão se a virar contra eles. É que, como diz Tadeu Phiri, "agora que todos os seus argumentos foram esgotados, inventa uma nova desculpa: Entregou todos os documentos no dia 29 de Julho e não faltava nenhum documento. Os documentos em falta foram roubados pela CNE! Sinceramente! Porque é que não acusou à CNE de ter roubado os documentos logo que foi notificado para entregar os documentos em falta?"

Mais uma vez o MDM apresenta uma imagem de vítima de coitadinho que as próprias cartas trocadas com a CNE desmentem e desqualificam.

Errar é humano. Como disse alguém (Obed Khan no blog do Nero), "a coisa muda de figura quando começam as falsidades. Quando começa a má fé. Como é que um Partido escreve uma longa carta, na qual reconhece que (i) não entregou vários processos individuais; (ii) não incluiu vários documentos essenciais dentro dos processos e, mais grave (iii) não consegue localizar um grande número das pessoas que candidatou e mesmo assim, vem nos entreter com a história de que os processos foram roubados na CNE?"

Uma prova de que o MDM se reproduz destas palhaçadas de vitimização é, num momento reconhecer que errou ao não entregar processos etc, e num outro negar que errou e imputar publicamente as culpas a inocentes, apresentando-se aos moçambicanos como vítima da FRENAMO projectada como a coligação dos dois maiores partidos de Moçambique para acabar com o MDM. Palhaçada.

Tudo isto faz muito sentido até se atendermos ao sumiço dos nossos amigos MDM'istas dos círculos onde, com factos, se discutem estas realidades. Quando o Martin escreveu no seu blog e no notícias e defendeu a sua tese no blog do Reflectindo, este apareceu a reconhecer que "o problema não é se o MDM ou Daviz capitaliza o atentado, pois disso sabemos que qualquer partido ou dirigente político que fosse o faria."

Júlio Mutisse, comentando lá no seu blog disse e eu concordo com ele que, "os nossos comentadores e muitos dos mais reputados fazedores de opinião não estão interessados em mostrar uma certa face do MDM. Muitos desses fizeram muita futurologia e, ao primeiro sinal de alarme accionado pela desorganização como atestam as cartas citadas pelo Phiri, bem como a tentativa de usar a porta dos fundos denunciada pelo presidente da CNE citado no jornal o país, é necessário inventar tudo e mais alguma coisa. Expor a verdade do MDM, para muitos desses, seria desacreditarem-se; seria contradizer os argumentos da CAPACIDADE a todo o nível que muitos auguraram a este movimento quando, nós outros, há meses alertávamos da precipitação de criar um partido a correr para concorrer em 3 frentes. Salomão Moiana, por exemplo, meteu água no seu último editorial. Deve ter visto o espectáculo da banana e na ânsia de pôr mais lenha na fogueira não se coibiu de dizer alguns disparates como o horário de funcionamento das instituições públicas."

É completamente ridículo um partido que se quer sério e pretende apresentar-se como a 3ª força (em reconhecimento de que já existe uma 1ª a FRELIMO) venha atirar-se contra tudo e todos, minando a confiança dos cidadãos para com as suas instituições, quando, reconhecidamente cometeu erros de palmatória. Como diz Tadeu Phiri, focando no exemplo de Cabo Delgado, é "importante referir que, para este círculo eleitoral, a falta dos processos individuais destes dois senhores é que fez cair a lista toda. E o MDM reconhece isto na própria carta que distribuiu aos jornalistas, diplomatas e sociedade civil. Mais ainda, este Partido está consciente de que esta lista em particular ia cair. É por isso que, na mesma carta sugere o seguinte: “Para este círculo (Cabo Delgado), dada a dificuldade de contacto com o senhor Armando Branco (22 acima), no prazo estabelecido na notificação acima mencionada, junto remetemos a V. Excias., os processos individuais dos senhores Dale Alfredo Alamo, Alima Latifo e Arusse Norberto para suprir a ausência do sr. Branco e reforçar a lista de suplentes...”

É caso para perguntar: (i) os dois processos individuais “em falta” que enviam tinham sido roubados pela CNE? (ii) Se só não localizaram o sr. Branco porque enviar mais dois processos “para reforçar a lista de suplentes”? (iii) também tinham sido roubados esses três processos adicionais? (iv) O MDM ainda estava a tempo de enviar esses novos processos todos? (v) Porque este Partido mente assim tanto? (vi) Se mente nestas coisas “pequenas” como podemos acreditar nas suas promessas eleitorais?"

Doi me o coração só de pensar que esta gente estará nos boletins de voto...

Há uma música que escuto muitas vezes enquanto viajo pelo Moçambique real. É dos AFROMAN, uma banda hip hop angolana que tem uma passagem que diz: "todo o mundo é cantor daqui a nada já não vamos ter plateia; como é que uma miniatura pode competir com Baleia" transpondo isto para a nossa realidade e para o momento político diríamos odo o mundo é político daqui a nada já não vamos ter plateia; como é que uma miniatura pode competir com Baleia... a Baleia, neste caso, representa o meu partido. Aquele que pensa soluções reais e práticas para o país como eliminar o sofrimento que é, actualmente, chegar a Chigubo.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Os equívocos de certa oposição e da comunidade internacional

Os equívocos de certa oposição e da comunidade internacional

Tadeu Phiri


Logo após a divulgação das listas de candidatura aprovadas pela Comissão Nacional de Eleições instalou-se uma crise sem precedentes na história da democracia em Moçambique. Os partidos excluídos total ou parcialmente da corrida eleitoral alegam que foram injustiçados pela CNE. Esta, por sua vez, defende-se dizendo que a sua decisão foi tomada com base no estabelecido na lei. É justamente aqui onde reside o “pomo da discórdia” que pretendemos aqui analisar e deixar a nossa opinião.

Peguemos, por exemplo, o fundamento apresentado pelos partidos considerados injustiçados que é o da alegada falta de previsão legal sobre a possibilidade de rejeição de listas. Entendem estes que a lei somente prevê a exclusão de candidaturas e não de listas inteiras. Tal argumento é questionável justamente porque o artigo 176 da lei n.º 7/2007, de 26 de Fevereiro é suficientemente claro quanto à questão da rejeição de listas ao estabelecer que findo o prazo referido nos artigos 174 e 175 da presente lei, se não houver alteração das listas, o Presidente da CNE manda afixar à porta da Comissão Nacional de Eleições as listas admitidas ou rejeitadas.

Ora, contra factos não há argumentos. Para além da rejeição de candidaturas, a lei prevê a rejeição de listas. Por isso, facilmente se depreende que há uma grave falta de domínio da legislação eleitoral por parte dos partidos que alegam a impossibilidade de rejeição de listas. Ainda sobre esta questão, importa referir que o fundamento para a exclusão de listas está plasmado no artigo 175 da lei que temos vindo a citar. Se se atentar ao estabelecido no artigo 174, concretamente no seu número 1, poderemos facilmente constatar que faz referência a mandatário da candidatura.

Já o número 2 do artigo 175 faz referência a mandatário da lista. Esta diferença não existe por acaso, como adiante veremos. Quanto aos prazos, no artigo 174 o prazo para a regularização é de 5 dias enquanto que no artigo 175 é de 10 dias. Esta diferença não surge por acaso. Isto é assim justamente porque as consequências da não regularização de uma ou outra situação são diferentes. No caso do artigo 174 a consequência é a nulidade da candidatura, enquanto que no caso do artigo 175 a consequência é a rejeição da lista. Se numa lista houver um candidato inelegível este deve ser substituído. Se não for substituído dentro de 10 dias a lista é rejeitada. Por essa razão é que se notifica ao mandatário da lista e não ao mandatário da candidatura. Esta e outras explicações clarificadoras do mar de equívocos em se encontram mergulhados os partidos contestatários foram devidamente dadas pelo Presidente da Comissão Nacional de Eleições, facto que os leva agora a sustentarem-se, já não na lei, mas no princípio da inclusão.

Os critérios legais usados pela Comissão Nacional de Eleições para aferir a validade das candidaturas parecem estarem fora de qualquer contestação. Aliás, parece até que os embaixadores da União Europeia e o Encarregado de Negócios da Embaixada dos Estados Unidos da América ficaram convencidos da legalidade da decisão do órgão de gestão eleitoral do país. Deve ser por isso que, nas suas declarações à imprensa, não discutem se os Partidos excluídos cumpriram ou não com os requisitos formais e materiais de apresentação de candidaturas (parece estarem certos de que não os cumpriram). Nos seus discursos, aparecem com um estranho e subjectivo princípio de “inclusão”.

É estranho também o momento em que este princípio começou a ser apregoado. Usando critérios similares, o Conselho Constitucional chumbou um expressivo número de candidatos às eleições presidenciais, deixando apenas três. Personalidades como Jacob Neves Salomão Sibindy, Khalid Husein Mahomed Sidat, Raul Manuel Domindos, Leonardo Francisco Cumbe, Artur Ricardo Jaquene e José Ricardo Viana Agostinho foram excluídos da corrida presidencial por insuficiência de proponentes. Não ouvimos nessa altura a “Comunidade Internacional” (sic) a falar de “inclusão”. Estará este protagonismo desta específica comunidade internacional e o seu conceito de “inclusão” politicamente motivados? Será que um Partido de sua preferência e por ela financiado foi desta vez preterido?

O novo critério de “inclusão” apresentado pela nossa Comunidade Internacional é estranho, subjectivo, absurdo e insustentável. Na verdade, os requisitos legais de apresentação de candidaturas não são mero subterfúgio para excluir como estes diplomatas sugerem. Constituem-se numa forma de provar que um Partido Político existe, tem seguidores, possui uma lista de candidatos para o Parlamento e os componentes dessa lista são elegíveis e que, por exemplo, não possuem cadastro criminal. Qualquer Comissão Nacional de Eleições deve verificar esses requisitos de candidatura, usando critérios objectivos, que são aqueles fixados na lei. Fazer isso não é promover exclusão. Nos países donde esses senhores vêem é assim que se faz. E é assim que deve ser feito no nosso país, a não ser que os nossos amigos diplomatas pensem que existe um tipo específico de Estado de direito aplicável apenas para africanos.

Pelo estranho princípio dos nossos diplomatas deveríamos considerar como válidas as candidaturas às presidenciais chumbadas pelo Conselho Constitucional. Assim, pessoas indiscutivelmente desequilibradas que com frequência se postulam às eleições presidenciais deveriam ser aceites sem nenhum questionamento. Sem nenhuma verificação. Em nome dum vago e estranho princípio de “inclusão”. Qualquer indivíduo poderia assim se inscrever para as eleições presidenciais só com o objectivo de se apoderar dos 5 milhões a que cada candidato tem direito. É por isso que nos parece pouco sério e irresponsável este novo princípio que nos está a ser ensinado. Uma inclusão que, inclusivamente, vai contra os fundamentos da legalidade e do respeito pelo Estado de direito que num passado recente apregoaram com muito entusiasmo.

Por este andar, qualquer aventureiro fundava com os seus amigotes um Partido sem viabilidade e sem sustentabilidade, organizava umas listazinhas, concorria sem convicção e sem qualquer interesse de ganhar as eleições e embolsava o dinheiro dos contribuintes.

Por estas e muitas outras razões, facilmente concluímos que o ruído que envolve a decisão da CNE é politicamente motivado, sem base legal, e serve para proteger partidos políticos desorganizados, improvisadores e sem o senso de responsabilidade que implica concorrer em eleições gerais e provinciais.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

MDM Reconhece Erros

O MOVIMENTO Democrático de Moçambique (MDM), reconheceu ter cometido erros ao ter enviado à Comissão Nacional de Eleições (CNE) processos individuais sem a respectiva relação nominal do posicionamento dos candidatos por distrito, por alegado erro humano.

Maputo, Sexta-Feira, 11 de Setembro de 2009:: Notícias

Em ofício datado de 15 de Agosto de 2009 e rubricado pelo respectivo mandatário, José Manuel de Sousa, lê-se o seguinte: “Com relação às candidaturas às eleições provinciais para aquela província (Cabo Delgado) foram enviados aos Vossos serviços processos individuais do MDM sem a respectiva relação nominal do posicionamento dos candidatos por distrito, facto que ocorreu por erro humano no decurso da digitalização dos processos. Assim, em face da situação, muito agradecíamos que V. Excias autorizassem que o signatário efectuasse tais documentos (relação nominal) directamente nos Vossos serviços, dada a dificuldade que existe de saber quem consta dos processos em questão, já em poder de V. Excias”.

O ofício que estamos a citar refere ainda que relativamente ao distrito de Milange (candidatos a Assembleia Provincial), “novamente por erro humano, foi enviada a V. Excias em formato electrónico a relação de candidatos por aquele distrito, carecendo, no entanto de um acompanhamento físico dos respectivos processos a relação nominal. Deste modo, agradecíamos novamente o obséquio de V. Excias autorizarem a recepção dos documentos em falta para a solução da questão em apreço”.

“No tocante às listas de candidaturas para essas duas províncias (candidaturas as eleições legislativas para as províncias de Manica e Zambézia) constatou-se que os processos dos concorrentes Inácio Charles Baptista (por Manica) e Ernesto Pedro (por Zambézia), embora o segundo figurando na relação nominal em vosso poder, ambos não estão fisicamente em Vosso poder. Assim, agradecíamos que autorizassem a recepção dos respectivos processos, passando o Sr. Baptista a figurar na terceira posição na lista de Manica e o Sr. Ernesto Pedro na décima segunda posição na lista de Zambézia. Junto se anexam as listas definitivas e os processos em falta”.

Ora, os excertos deste ofício intempestivo do MDM, só vem reconfirmar que em tempo oportuno a Comissão Nacional de Eleições notificou os mandatários das candidaturas feridas do vício de irregularidade processual para o seu suprimento, facto que não aconteceu, segundo se depreende do documento que estamos a citar.

Ademais, o mesmo ofício só vem a corroborar com a CNE, que sempre reiterou que muitos proponentes nem sequer tinham cópias das listas dos seus candidatos, a ponto de terem tentado arrastar o órgão eleitoral a cometer ilegalidades.

“Eles tentaram pedir à Comissão Nacional de Eleições para cometer ilegalidades do género de permitir que efectuassem a correcção do que chamam de erro humano directamente na CNE. Mais grave ainda é que eles aparecem a acusar a CNE de lhes ter excluído, embora reconhecendo com factos que o problema principal residiu na desorganização interna de muitos desses partidos, como o MDM, que nem sequer possuía algumas listas dos seus candidatos. Ademais, o ofício de 15 de Agosto de 2009, enviado pelo mandatário do MDM, deu entrada fora do prazo, ou seja, aceitá-lo seria cometer uma violação flagrante à lei”, comentou um reputado jurista interpelado pelo nosso Jornal.

Aliás, o “Notícias” teve acesso a um outro ofício do MDM datado de 28 de Agosto de 2009, mas que só deu entrada na CNE em 1 de Setembro de 2009, em que aquela agremiação referia que “tendo sido notificado pela CNE para o suprimento de algumas irregularidades nos processos de candidaturas enviados aquela instituição, instruiu os seus candidatos para a regularização da situação no tempo estabelecido pela CNE. Contudo, graves situações têm se verificado nas administrações municipais e distritais, dificultando e impedindo os membros do partido a obterem atestados de residência a tempo de cumprirem com o prazo estabelecido pelo notificante”.

No total são 169 os candidatos do MDM abrangidos por esta situação que nada têm á ver com aquilo que são as competências da Comissão Nacional de Eleições. Ademais, este ofício deu entrada na CNE com atraso de semanas, facto que atenta à lei, assumindo que legalmente o processo terminou a 28 de Agosto de 2009, e todos os proponentes de candidaturas feridas do vício de irregularidade processual foram atempadamente notificados para o seu suprimento.

“O que está a acontecer, de facto, é que os partidos pretendem vender a ideia de que foram excluídos pela CNE, omitindo a ideia de que eles não conseguiram regularizar atempadamente os seus processos por desorganização interna, sendo por isso que ficaram de fora do processo. É uma questão de honestidade, acima de tudo. De nada vale para o processo democrático nacional induzir o público em erro quando, na verdade, os partidos é que não mediram a magnitude dum processo tão trabalhoso e complexo como são as legislativas, provinciais e presidenciais”, comentou um analista político local.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

O Significado do Voto

A propósito de um debate útil, necessário e civilizado que corre no blog do Shirangano a partir de um post com o título "Votar ou Abster-se" julguei, porque actual, recuperar partes de um post de Júlio Mutisse no seu blog, sobre "O Significado do Voto."

Numa altura em que pela 4ª vez seremos chamados a escolher os que liderarão os destinos da nação nos próximos anos, é mesmo fundamental que saibamos o significado do voto e, como sugere o Mutisse no referido post, "analisar a plausibilidade dos argumentos daqueles que não tinham ido votar" ao mesmo tempo que procuramos as razões para a abstenção entendida pela " Aoli, Tecnologias Web" «como Escusa de participar de sufrágio colectivo em uma assembléia deliberante.»"

Diz o Mutisse:

Quanto à mim, a abstenção não tem um único significado, na medida em que, tanto pode significar a rejeição do sistema democrático, o desinteresse face à situação política do país, ou derivado da visita à vovozinha que causa um impedimento ocasional.

De qualquer forma, me parece evidente que, na maioria dos casos, a abstenção no nosso país manifesta uma posição de desinteresse, apatia e indiferença relativamente à sociedade e à situação do país. É um "não me interessa”, “não quero saber” ou “não tenho nada a ver com isso”.

Os que se abstém abdicam do direito de voto, de intervir, de se expressar e, eventualmente, influenciar um novo rumo para a sociedade em que se inserem.

Mas o que expressa o voto?

Nas eleições democráticas o que se busca é estabelecer a vontade da maioria através da escolha consciente entre os candidatos e programas(?) que se nos apresentam. No caso da cidade de Maputo as eleições visam estabelecer a vontade da maioria entre Simango e Namburete. É da opção maioritária em um sobre o outro que surgirá quem, nos próximos 5 anos, exercerá poder na cidade das acácias.

E o voto em branco? O que é que expressa? Tanto pode expressar a recusa ou indiferença por qualquer dos dois no exemplo acima, do estilo "minha vontade seria que nem Simango nem Namburete vencecem esta eleição," ou manifestação contra o sistema político em si. Demonstro, votando em branco, que que não me revejo no conteúdo programático dos partidos políticos e nos diversos candidatos, a tal ponto que não tomo posição por qualquer deles. Digo-o submetendo um voto em branco.

E o voto nulo? O que é que expressa? Quem vota nulo também demonstra a sua posição; Pode estar a dizer não a todo o processo eleitoral, como, também, um não a todo o sistema político. Mas, de qualquer forma, o direito de votar foi estabelecido.

Nestes termos, votar ou não votar?

No caso das eleições, acho que a acção (votar) é sempre melhor que a omissão. Os efeitos da acção VOTAR, e a mensagem que transmitimos são facilmente perceptíveis. Desde logo, (i) o nosso voto pode fazer a diferença para o triunfo dos ideais que defendemos, (ii) a mensagem, por exemplo, da falta de alternativas válidas, expressa num voto em branco é logo percebida e, (iii) o descontentamento perante o processo eleitoral ou com o sistema político é igualmente apreendido.

Tudo o dito acima são hipóteses que, quanto a mim, explicam a importância do voto e a sua necessidade. Explicam a minha tese de que é sempre melhor votar do que ficar em casa. Mais do que punir um candidato votando noutro, podemos exprimir de outra forma, através do voto, as nossas opiniões.

As SMS's que circularam ontem aludindo à ida às barracas ao invés da ida às mesas de voto, deram me a ideia de que uma das explicações das abstenções é o nosso alheamento, que pode até advir do descontentamento perante as acções dos políticos. Podemos demonstrar directamente este descontentamento passando-lhes cartões através do voto nas três possibilidades descritas acima.

Como Moacir Palmeira num artigo com o título VOTO: RACIONALIDADE OU SIGNIFICADO?, e aplicado a realidade dos moçambicanos, "mais do que uma escolha individual, acertada ou não, o voto tem o significado de uma adesão. Para o eleitor, o que está em pauta em uma eleição não é escolher representantes, mas situar-se de um lado da sociedade. E, em se tratando de adesão, tanto quanto o voto, pesa a declaração pública antecipada do voto. Diferentemente do que nos acostumamos a ver nas grandes cidades, o fato de alguém ter um cartaz, uma fotografia do candidato ou o nome dele na porta de casa equivale a uma declaração de voto. E mais ainda, é uma sinalização de que o dono da casa pertence a uma determinada facção. O fato de não ter um título de eleitor, o que não é pouco freqüente, não é suficiente para afastar alguém da campanha eleitoral, e muito menos serve de álibi para sua eventual não-participação. Em situações como essa, a decisão de votar pode ser posterior à adesão a uma candidatura."

Podemos dar um salto.

Haverão dúvidas? Pergunto eu...


terça-feira, 1 de setembro de 2009

Uma Implosão De Vídeo

Pede-se me estas duas linhas para falar do trabalho de MC Roger. Escrevo, apenas para colocar os meus ponto de vista acerca do que é o seu novo video clip gravado no Brasil, cujo título se não me egano é “superstar”.

Repito, escrevo para falar do trabalho de MC Roger, apenas (desculpem, mas talvez um dia percebam a necessidade desta repetição)

O MC, sabe fazer marketing não haja dúvidas. Marketing agressivo até. Pois, foi com o seu marketing, que soube que ia ao Brasil gravar o seu mais recente video clip.

Conhecendo a marca dos vídeos deste “entreteiner” feitos no solo pátrio, o toque de qualidade que está habituado a cunhar-lhes, o gosto pela exloração de paisagens e de cores vivas, pensei comigo: vem aí uma bomba de vídeo.

Mesma bomba que encontrei um dia no vídeo “patrão” e nos demais que caracterizam o MC.

Esperava e honestamente, um MC a começar o vídeo com uma caminhada no calçadão moçambicano, exibindo a não menos bela praia de Costa de Sol, mostrando as nossas lindas mulheres, nossas belas paisagens que sempre irradiam a nossa vontade de viver e nosso estilo próprio, e que, essa caminhada, terminasse no calçadão brasileiro.

Esperava que o MC caminhasse num à vontade no morro, que cumprimentasse as “mamanas baianas” e linkasse essas imagens com as das “mamanas do mercado de peixe” e/ou do mercado da baixa.

Mas não, MC Roger anunciou uma viagem a Brasil e mais, fez estreia do video com Ministros a mistura, para fazer e mostrar um clip a volta de uma piscina!

Até os miúdos cá da praça que gravam com as suas próprias economias, para as próprias namoradas, para ficarem conhecidos no seu quarteirão, já evoluiram deste tipo de cenário.

Que se diga, casas com piscinas, existem aos pontapés na Cidade de Maputo e em qualquer Bairro, daí, não perceber o que tenha levado o MC ao Brasil para gravar um clip exclusivamente numa piscina.

Não me quero substituir ao realizador e/ou produtor deste vídeo (lembrar que o MC, diz ele e não duvido, participar activamente na produção dos seus clips), mas, analisando o ângulo que se aponta a câmara a piscina e as meninas (que se diga ao bom jeitinho brasileiro), podia até pôr em causa, se este clip, foi ou não gravado no Brasil.

É que, caras brasileiras (como as que aparecem no vídeo clip), pode-se achar em Moçambique, mas um calçadão, ou um Cristo Redentor, o Morro, não se acham em qualquer parte senão no Brasil e se, o sonho de MC (e sei que é esse), é explodir para além do Moçambique, um clip com imagens ilsutrativas do Brasil só o ajudaria e muito.

E que se diga, mesmo que o MC fosse péssimo artista, encontraria a atenção primeiro dos brasileiros que veriam o seu pais reflectido no estrangeiro, e segundo, dos demais, que admirariam um facto de alguém de uma país tão longíquo e em vias de desenvolvimento, ter tido um orçamento que o permitisse gravar fora.

Penso que nem o dono da psicina que se fez o clip, se não o dissessem saberia que aquela piscina era dele!

O MC, cometeu neste clip erros primários de marketing, reduziu com este clip, o seu trabalho de anos, não soube se igualar a ele, resumindo, foi seu próprio adversário, num jogo em que tinha tudo para ganhar ou melhor “calar a boca” dos seus detractores (como sabe fazer e bem).

Este clip, foi ao meu ver uma verdadeira implosão, uma decepção de clip, cujo alento, encontrei no clip de Lisa James (que ainda não vi por inteiro, mas só das partes que se exibem da publicidade, o cenário é bem diferente), creio gravado nos States, aliás, não creio porque as imagens falam de per si.

Um tiro certeiro no seu próprio pé e na autoridade que diz ter no marketing.

Mas este é o meu ponto de vista.

Gonçalves M.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

ANIBALZINHO: A Quem Pertence Este "Cão"?

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A Quem Pertence Afinal Este Cão?

O fenómeno Anibalzinho desobriga-nos ao silêncio. É de facto difícil ficar alheio ao fenômeno entra e sai dos calabouços por parte deste.

Facto assente neste processo, é que o Aníbal foi sempre tirado de onde sempre esteve a guarda e da última vez com direito a acompanhantes: Samito ora detido (também recapturado) e Todinho (encontrado morto e a polícia a revendicar que o tenha abatido mortalmente).

Facto que se pode considerar também assente, é que as ordens de tirada de Aníbal, partem de dentro da estrutura do Ministério do Interior e/ou do Comando Geral da Polícia, sendo incisas as dúvidas de quem em concreto e com que interesses o faz.

De toda as formas, todas as vezes que o Anibal presumivelmente se evadiu, foi sempre recapturado e ao meu ver, a recaptura, demonstra que o Estado nunca se conformou com as suas saidas, tampouco, com a vantagem que estas saidas podem representar a quem interesa; é que, interessando ao Estado o sumiço de Anibalzinho, seria numa destas saidas que não mais voltaria, ficando sempre a dúvida se morrera ou sobrevivera.

Esta tarefa, que se diga seria facilitada, com o desaparecimento físico da mãe deste, pessoa que por fora, fazia e era suposto, fazer qualquer tipo de pressão, pois, para a opinião pública, não seria difícil de digerir, a morte de Aníbal em uma até “forjada tentativa de fuga logo a captura”, porque, só quem não quís ver, no acto do julgamento do caso Cardoso, a personalidade delinquente e o grau de perigosidade do mesmo.

A recaptura deste, é para mim, um sinal de não alinhamento de algum sector da corporação e maxime do Estado, que sempre teve e bem assente, que o pais, não podia ficar refém de um simples “cão” que se sabe ter sempre um dono.

E a questão que não cala: a quem pertence aquele cão?

Deve e há de pertencer, a quem ganha louros com as saídas aerosas e contrapartida de desprestígio de toda a máquina estadual, há de sempre pertencer a quem quer fazer passar a imagem de quem realmente tem o controlo da máquina policial, do recrudescer da criminalidade, da declaração de falência da máquina estadual, da inactividade da nossa polícia, e/ou, por qualquer outro motivo incofessável.

Facto, é que o problema não é o Aníbal em si, mas sim, de quem se serve do mesmo para fazer passar a sua agenda;e afinal quem é esta pessoa(s)?

Reside o problema, nas pessoas que o tem sob controle, porque acredito e os factos o apontam, Anibal não teria de per si capacidade para montar a superstrutura que sempre se monta quando ele tem que sair da cadeia.(é só ver a questão do passaporte usado encontrado na sua posse, que segundo a polícia, foi produzido, na altura em que esteve ainda detido, e mais, as luxuosas residências onde costuma ficar na Africa do Sul, a facilidade com que se movimenta, basta lembrar, que da primeira vez, foi preso em Canadá e sem os descontos enganosos que as agências de viagem nos presenteiam em seus spots publicitários).

É só ver que desta última vez teve direito (e para melhor simular uma situação de fuga) a acompanhantes, peões no jogo que se montara com toda a perícia.

Urge descobrir quem está por detrás da acção do Aníbal, porque assim descoberto, até as simples e transtórias celas das esquadras que são trancadas por simples cadeados “made in china” seriam lugar seguro para o guardar.

Como alguém já disse, combater o Anibalzinho, o instrumento, não basta. Há que combater quem o maneja. Como disse um dia o antigo Deputado o Dr. Teodato Hunguana, a única forma de evitar que o Estado caia definitivamente nas malhas do crime organizado que, amiúde, nos brinda com estas tiradas e retiradas do Anibalzinho, é desencadear uma guerra sem quartel contra os mentores da alta criminalidade, neste caso contra os mentores das sistemáticas fugas de Anibalzinho e, também, dos seus executantes ou instrumentos.

Correr atrás de Anibalzinho sempre que fuja sem fazer nenhum trabalho para parar quem, de dentro da própria instituição estadual se dedica a fazê-lo sair significa, na acepção do Dr. Hunguana, manter intactas as fontes de reprodução as fontes da sua reprodução, fontes que se tornam cada vez mais poderosa e capazes de se apropriarem do próprio Estado.

A quem pertence afinal este cão?

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Da apologia ao colonialismo à psicose da negação: o pensamento de Philipe Gagnaux

Esta carta foi publicada no jornal "Domingo" último. Não conheço Michaque Matsinhe, seu autor, mas isso pouco importa. A verdade é que, em muito do vertido nesta carta, estou plenamente de acordo com ele.

Da apologia ao colonialismo à psicose da negação: o pensamento de Philipe Gagnaux

Michaque Matsinhe

Não escreveria esta carta não fosse por ter nutrido durante algum tempo, alguma simpatia pelo exercício de cidadania que o Dr. Philipe Gagnaux vinha exercendo como concidadão. Não vi de outra forma o seu envolvimento de liderença no movimento “Juntos pela Cidade” senão como o exercício de cidadania na nossa democracia em crescimento, com as suas naturais vicissitudes.

Todavia ao assistir o último programa do domingo sobre a resenha da semana na estação televisiva da Soico, onde a sua intervenção se resumiu numa apologia ao colonialismo e à negação do valor da luta armada de libertação nacional como condição determinante do processo de descolonização em Moçambique. Esta intervenção foi prontamente apoiada por um dos seus parceiros no debate, neste caso o Deputado da Renamo António Mulhanga que, não ocasião, louvou entusiasticamente o “grande amor dos portugueses” pelo povo moçambicano, factor que, segundo este estranho personagem sintonizado com Gagnaux, esteve na origem da nossa independência. E não a luta armada, visto que esta foi protagonizada por aventureiros e oportunistas que queriam simplesmente chamar à atenção no caso de a bondade e o amor dos colonialistas se decidisse manifestar. Esta estanha posição, de parte do Dr. Philipe Gagnaux, remeteu-me a um profundo desapontamento e revolta visceral como neto de escravos e de avós trabalhadores em regime de chibalo. E, conhecendo seus antecedentes genealógicos progressistas e pensamento, hoje levanto duas questões centrais:

Há quanto tempo Ganhaux nos engana sobre a sua defesa da moçambicanidade e construção da Nação Moçambicana? Ou será que as suas afirmações, simplesmente retratam uma psicose política de negação a tudo, não importando os factos ou sua distorção, bastando que seja algo inerente ou relacionado com a Frelimo?

Vou tentar desconstruir a aberração histórica e humilhante com que Ganhaux afronta ao nosso Nós, identidade moçambicana, independentemente da cor, raça, religião ou etnia, edificada com sangue e não com a “oferta generosa e amorosa”, resultante de uma descolonização durante a qual os portugueses, presumivelmente, teriam acabado por nos dar a Independência de bandeja e por vontade própria, segundo o nosso bom Doutor.

O pensamento de Ganhaux revolta porque ao mesmo tempo que “indirectamente” usa os pressupostos de Salazar na sua relação com as Colónias, legitima os argumentos dos finais da década 50 substanciadas em Humberto Delegado e reforçadas pela elite colonial portuguesa na década 70, para negar a independência de Moçambique. Por conseguinte: Não foram os moçambicanos que registaram na sua história que, quando Portugal se tornou membro da ONU em 1955 recebeu ordens para conceder a independência das colónias mas que contra essa ordem declara que todos os habitantes das suas colónias eram cidadãos portugueses e passa a designa-los por províncias ultramarinas, mantendo-se irredutível, lançando com seu estado novo a aceleração da desgraça e massacres sobre os moçambicanos.

Dr. Gagnaux, foi a elite portuguesa que negou a descolonização pacificamente solicitada, alegando que o Preto não estava preparado para se governar e que de forma intemporal era preciso dar-lhes tempo e ensinar-lhes a se governarem.

Façamos uma viagem pelo tempo Doutor. Onde é que o Sr, e milhares de nossos pais deveriam ter ficado sentados à espera da gratidão e e do amor dos colonos, alegado por si e por António Mulhanga, que eventualmente levaria os colonialistas a dizerem: agora sim esses pretos já estão maduros, merecem ser independentes?! Será que acredita no que diz, ou porque na psicose da negação da Frelimo isso é de bom-tom? Parou para pensar que colonialismo não é só antónimo de Frelimo? Mas sim é sinónimo de humilhação, despotismo, racismo, atraso premeditado e propositado dos negros, dominação, massacres, e atraso do habitante da colónia? Ou as vicissitudes inerentes à construção democrática e a sua negação normal, legitima como cidadão contra a ideologia vigente e processos de governação, são razão suficiente para dizer que não devíamos ter ficado independentes?

Por último: Não estive na luta armada. Mas em conversas privadas sobre estórias de vida de alguns combatentes, muitos deles anónimos, no final é sempre de limpar lágrimas teimosas. Não estou sequer a falar do valor histórico, mas dos indivíduos, que não tiveram juventude, não crescerem como homens e mulheres normais. Desvalorizar a luta armada como condição da descolonização, ignorar que a luta armada, no Conjunto das colónias foi o oxigénio que insuflou as condições sociais e políticas para o surgimento do 25 de Abril, Dr. Isso é duplamente uma miopia.

Este 25 de Abril que não surgiu devido ao “amor dos colonialistas” como o Dr. Gagnaux e Mulhanga alegam, mas sim da derrota dos portugueses no teatro das operações em Moçambique, na Guiné e em Angola. Os oficiais portugueses que promoveram a Revolução dos cravos estavam cansados de ver seus camaradas morrerem e ficarem estropiados por causa duma guerra que, no fim, consideraram injusta. O Movimento das Forças Armadas nasceu do calor cada vez mais incandescente da luta dos nossos povos caro Dr. Da luta dos Africanos que a ideologia racista do colonialista insistia em não reconhecer nenhuma capacidade. Suas declarações, Dr. Gagnaux, nos lembram esses tempos de aviltamento que a luta de libertação nacional ajudou a redimir. É facto histórico que, mesmo o “amoroso” regime saído do 25 de Abril procurou, na fase inicial das negociações com a FRELIMO, utilizar uma dupla técnica segundo a qual, publicamente, afirmava condenar e rejeitar a hedionda herança colonial, quando no segredo da mesa das conversações se esforçava por encontrar novas fórmulas destinadas a perpetuar o colonialismo. Pública e solenemente a delegação portuguesa reconhecia a natureza criminosa do colonialismo, aceitava a responsabilidade pelos crimes e massacres colonialistas e até homenageou a memória de Eduardo Mondlane. Na mesa das conversações, porém, a delegação portuguesa vinha propor precisamente, os mesmos esquemas que Marcelo Caetano havia já proposto.

A obstinação portuguesa forçou o conflito a prolongar-se, provocou novas derrotas ao exército colonial, acelerou o processo do colapso – sim, Doutor, COLAPSO - do exército agressor. As derrotas sofridas pelo colonialismo destruíram as manobras políticas que os “amorosos” governantes pós 25 de Abril fomentavam para obstruir a independência de Moçambique.

E mais. Podemos até problematizar as zonas libertadas como o faz. Mas negar as zonas libertadas como espaço de utopia social e política, de construção de uma nova sociedade com base num novo começo, é negar sem apresentar argumentos que a Frente de Libertação de Moçambique era muito mais que um Movimento Rebelde, similar aos criados no tempo do Apartheid, que começaram por destruir tudo e todos e no final procuraram construir uma pseúdo ideologia. Dr, é isso que está a comparar?

Dr. Discutir e reivindicar espaço legitimo de minorias, explicitamente ou implicitamente, como o Doutor e muitos outros o fazem, não passa por desvalorizar outros grupos, e muito menos humilhar os combatentes que deram o seu generoso sangue para a materialização da derrocada do colonialismo. Deveriam ter se mantido pacientemente no lugar de serviçais? Manter-se analfabetos? Confirmar o ensino ‘amoroso” dos colonialistas de que eles eram incapazes? Está, em conluio com o seu aliado de circunstância António Mulhanga, a insinuar que a grande maioria dos moçambicanos nunca deveria ter saído de onde os colonos os obrigaram a estar? Para ficar quem no lugares deles? Alguma nostalgia?

E desenganem-se os que pensam que as bizarrias do Dr. Gagnaux são apenas uma chapada à FRELIMO. As palavras de Gagnaux são uma agressão e uma negação à moçambicanidade.

O meu abraço e solidariedade aos combatentes de libertação nacional. Mais do que manda-los de volta às suas aldeias, devíamos honrá-los muito mais.