Adormecer a Juventude para Depois Acordá-la.
O exaltado ambiente político de hoje trouxe a ideia generalizada de que os jovens estão excluidos do poder e/ou dos centros decisórios.
Renuncio à tentativa de discussão da veracidade ou não da presente sem as estatíticas oficiais que apontem nesse sentido. O que me ocorre é olhar para a prática e analizar o que esta nos diz.
Numa incursão aos sectores de Justiça, Educação, Saúde e outros, e com a abertura que o governo oferece, damo-nos conta de que a juventude está criando uma espécie de nova ordem, onde se sente a necessidade que esta tem de atuar, discutir e propor em prol do desenvolvimento do pais.
Uma nova ordem que desponta por exemplo no sector de saúde, com um corpo dirigente jovem (vide directores distritais e provinciais), médicos, técnicos de saúde e enfermeiros, maioritariamente jovens e na sua maioria nascidos após a independéncia. No sector de justiça, com juizes e procuradores jovens (quando se sabe que a Justiça é o terceiro poder, de quem depende em grande um Estado de Direito), como conselheiros dos venerandos juízes, como acessores dos ministros em todos os ministérios, no gabinete presidencial, nos governos provinciais e leccionando nas diversas faculdades e escolas.
Podia servir-me do exemplo do Estatuto Geral do Funcionários e Agentes do Estado e respectivo regulamento, que foi feito maioriatariamente por jovens nascidos após a independência. De quase todas as propostas de leis produzidas neste quinquénio, que foram amplamente discutidos por jovens, da revisão da legislação, etc.
Dito de outra forma, a juventude já se apercebeu de que deve ser participativa e activa em todo o processo de desenvolvimento da nação, já percebeu e bem a sua acção emancipadora, percebeu que o pais precisa de sua visão.
Esta é portanto uma realidade que os olhos despidos de interesses e causas conseguem ver, no entanto vozes há, que olham para os diversos problemas que ainda afectam número considerável de jovens como possibilidade de explorar os problemas destes e não a solução.
Estes, no lugar de despertar uma consciência emancipadora da juventude, procuram criar uma consciência de revolta, um pessimismo na avaliação dos factos. Quando deviam impulsionar a firmeza no propósito de superar os seus problemas fazem-nos parecer mais graves, tudo feito para convencer ao jovem que vive numa gruta de escuridão.
Esta, é parte de estratégia de adormecimento da juventude, que é para depois acordá-la com balde de água gelada, o que se sabe, pode provocar choques; uma impressão de que nada está sendo feito em prol da juventude e com toda a carga de probemas que daí podem advir.
A estratégia deste grupo, é alimentada por uma dúzia de jovens que se consideram iluminados e portanto, com legitimidade para traduzir o discurso da juventude inteira como se estes não fossem capazes de analizarem os seus problemas e pelas suas próprias lentes.
São estes pretensos “messias”, que se desdobram em vários, comentando em debates televisivos desde astrologia, direito, medicina à física nuclear mesmo sem formação e preparação para o efeito.
São os mesmos que vem com insinuações mal sustentadas, de que em Moçambique há partidos de jovens e que eles são os legítmos representantes da juventude, quando na verdade, a sua acção, se traduz em lançar poeira aos olhos da mesma.
O mais agravante nisto, quando se dá a ideia de que o jovem deve romper com tudo em nome de que quem faz é velho, mesmo quando o velho seja o acertado.
A ideia que se cria é de uma roptura entre duas gerações que podiam se complementar, mas não, o jovem, no ensinamento destes, deve abater a árvore velha, nem que esta produza frutos.
Não sou apologista de que o jovem não está preparado para o poder, sou sim, a favor do gradualismo na tomada do mesmo para que não se criem ropturas e continuidades, mesmo porque até para tomar o poder é preciso perceber esse mesmo poder.
Alguns até dirão que este pais, na sua gesta, foi dirigido por jovens que na sua acção governativa erraram e aprenderam com os seus erros, pelo que deviamos dar a oportunidade dos jovens de hoje também errar, o que não é de todo errado, mas, se pudermos evitar que estes erros sejam cometidos porquê não o fazemos? Até porque o momento histórico (integração regional e globalização) não permitem mais erros.
Mas voltemos ao nosso tema: está ou não o jovem no poder e nos centros decisórios?
Pelo acima descrito, dúvidas não há. Querer acreditar no contrário não passará da estratégia de adormecer o jovem para acordá-lo e daí reclamar as honras em té-lo acordado, como se tivesse dormido voluntariamente. É facto, que ainda temos um longo caminho a precorrer, mas daí, a necessidade de continuação deste governo que sempre se mostrou aberto a participação da juventude.
Dia 28, a juventude moçambicana, do posto administrativo até a província, do operário ao intelectual, devem ir as urnas com a missão clara de garantir a continuidade de quem fez , faz e sempre fará.
3 comentários:
Concordo quando diz que a juventude já está nos centros decisórios. Pelo menos eu sinto isso. Há decisões que os meus superiores não podem tomar sem me ouvirem. A decisão deles é no fundo a minha decisão.
Eu é que decido os destinos de muitos processos no meu serviço.
Mas a parte final do texto é tendenciosa. Quer que votemos na continuidade? Creio que devia sugerir que votássemos naqueles que melhor achamos. Cada um sabe em quem vai votar. Eu vou votar no partido que sempre votei. Coincidentemente o meu partido nunca perdeu eleições.
Cocktail, hehhehehe gostei da indicacao do seu sentido de voto. Por acaso coincide com a minha, no meu caso por conviccao e nao por habito como acredito seja o seu caso.
Quanto a juventude eh um facto que ela esta nos centros decisores porem, e na verdade, o que muitos querem e esperam eh ver a multiplicacao de jovens (independentemente da preparacao, experiencia etc) como ministros, vices, dn, administradores etc. E tudo isso eh um processo meritorio diga se.
Concordo em pleno no que à experiência te referes. Seria um suicídio colocar um indivíduo num certo cargo usando a sua juventude como critério único.
Mas já é altura de procura e encontrar jovens com muita mais capacidade técnica que muitos dirigentes que existem no país.
Vivo num meio em que já demonstram por A+B que são muito melhores que muitos chefes.
Porquê não levar para o poder estes jovens com competênci demonstrada? A experiência também se adquire da experiência dos outros.
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