quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Qual é O Papel de Um Porta-Voz?

Companheiros, O “Debate Aberto” da STV, de ontem e a “actuação” patética de Fernando Mazanga, fez me concluir que sou ignorante sobre o papel do porta-voz, seja do Governo, de um ministério em particular e, inclusive, dos partidos políticos.

Até a hora de dormir me questionava:

  • Qual é o papel de um porta-voz?
  • Qual é a sua utilidade no contexto das organizações políticas?
  • O que é que veicula?
  • O porta-voz é uma caixa-de-ressonância ou é aquele que apaga o lume informando, esclarecendo mal entendidos e ajudando a buscar consensos?

Confesso que não tive resposta e como a pior vergonha seria manter-me na ignorância, cá estou a perguntar: Qual é o papel de um porta-voz? Que utilidade têm indivíduos como Fernando Mazanga na estratégia de comunicação, na união de grupo que se pretende nas organizações políticas?

De qualquer forma, me parece que estas entidades diagnosticam problemas e necessidades na área de comunicação, levanta oportunidades e prescreve soluções, acompanhando todas as etapas desse processo com o uso dos produtos e ferramentas mais adequados a cada momento, nomeadamente:

  • Relações com a mídia
  • Planeamento
  • Capacitação
  • Publicações
  • Etc

Entendo que o porta-voz deve desenvolver uma estratégia, baseada na visão estratégica da comunicação e no tratamento cuidadoso da informação e sua divulgação.

O porta-voz deve contribuir para consolidação da imagem da instituição que representa (nunca o contrário) e para a difusão de idéias, questões e conceitos, incorporados no dia-a-dia da instituição.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

OBAMA - O Discurso de Vitória - Inspiracional

OBAMA speech - PORTUGUES - 5 Novembro 2008

Olá, Chicago. Se existe alguém que ainda tenha dúvidas de que a América é um lugar onde tudo é possível, que ainda se pergunta se o sonho dos nossos fundadores ainda está vivo na nossa época, que ainda questiona o poder da nossa democracia, esta noite é a resposta.

É a resposta dada pelas linhas em torno de escolas e igrejas em números que esta nação nunca viu, por pessoas que esperaram três e quatro horas, muitos pela primeira vez nas suas vidas, porque acreditavam que este tempo deve ser diferente, e que a sua voz poderia fazer alguma diferença.

É a resposta falada pelos jovens e velhos, ricos e pobres, democratas e republicanos, negros, brancos, hispânicos, asiáticos, nativos americanos, homosexuais, heterosexuais, deficientes e não deficientes. Americanos que enviaram uma mensagem ao mundo de que nunca fomos apenas uma coleção de indivíduos ou uma coleção de estados vermelhos e azuis. Nós somos, e seremos sempre, os Estados Unidos da América.

É a resposta que levou aqueles -a quem foi dito, por tanto tempo e por tantos, de serem cínicos e temerosos e hesitantes sobre o que podemos alcançar - a colocar as suas mãos sobre o arco da história e a dobra-lo uma vez mais em direção à esperança de um dia melhor .

Foi um longo percurso, mas esta noite, devido ao que fizemos nesta data, nesta eleição, neste preciso momento, a mudança chegou à América.

Um pouco mais cedo, esta noite, recebi um telefonema profundamente simpatico do Senator McCain. Senador McCain lutou longa e duramente durante esta campanha. E ele lutou mais tempo e com mais força ainda pelo pais que ele ama. Ele consentiu sacrificios pela América, muito mais do que muitos de nos podem imaginar. Estamos impressionados pelos serviços prestados por este corajoso e altruísta líder. Felicito-o. Felicito a Governadora Palin por tudo o que alcançaram. E espero poder trabalhar com eles para renovar esta promessa da naçao, nos próximos meses.

Desejo agradecer ao meu companheiro nesta viagem, um homem que fez campanha com todo o seu coração, e que falou com os homens e as mulheres que cresceram com ele nas ruas de Scranton ... e com quem caminhou para o Delaware, o Vice President-eleito dos Estados Unidos, Joe Biden.

E eu não estaria aqui diante de vos esta noite sem o firme apoio do meu melhor amigo destes últimos 16 anos ... a rocha da nossa família, o amor da minha vida, a próxima primeira dama da nação ... Michelle Obama. Malia e Sasha , eu amo-vos mais do que voces podem imaginar. E vocês ganharam o novo cachorrinho que está indo connosco ... para a nova Casa Branca.

E, mesmo se ela ja não esta ao nosso lado , eu sei que a minha avó nos esta vendo, junto do resto da família que me fez quem sou. Esta noite , eu sinto a falta deles todos. Eu sei que a minha dívida para com eles é incomensuravel. A minha irmã Maya, à minha irmã Alma , a todos os meus outros irmãos e irmãs, muito obrigado por todo o apoio que me deram. Estou-lhes profundamente agradecido.

E ao responsavel da minha campanha , David Plouffe ... o desconhecido herói desta campanha, que arquitectou a melhor campanha política, eu acho, na história dos Estados Unidos da América. Ao chefe estratega da campanha, David Axelrod ... que tem sido o meu parceiro de cada passo que dei nesta caminhada . A melhor equipa de campanha que alguma vez existiu na historia politica, que fez isto acontece, r eu estarei eternamente grato por tudo o que sacrificaram para aqui chegarmos.

Mas, acima de tudo, nunca esquecerei a quem realmente pertence a esta vitória. Ela pertence-vos. Ela pertence-vos.

Eu nao era o candidato mais provavel para este cargo. Não começamos com muitos fundos, nem promessas de doacao. A nossa campanha não foi articulada nos salões de Washington. Ela começou no quintal de Des Moines e as salas de Concord e nas varandas da frente do Charleston . Ela foi construída por homens e mulheres que procuraram fundos nas suas parcas economias para dar a esta causa $ 5 e US $ 10 e $ 20. Ela cresceu na força da juventude que rejeita o mito da apatia da sua geração ... dos que trocaram os seus lares e famílias por empregos que pagavam pouco e ofereciam menos reposo. Ela se fortaleceu dos não- tão -jovens que enfrentaram o frio e o calor para irem bater às portas de perfeitos estranhos, e dos milhões de americanos que se ofereceram como voluntarios, que se organizaram e que provaram que mais de dois séculos depois, um governo do povo, pelo povo e para o povo não pereceu da face da Terra. Esta é a nossa vitória.

E eu sei que não fizeram tudo isto só para ganharem uma eleição. E eu sei que não o fizeram por mim. Tudo isto foi feito porque vocês entenderam a enormidade da tarefa que nos espera. Nesta noite de comemoraçao, nós sabemos que os desafios que o amanhã nos trara são os maiores da nossa vida - duas guerras, um planeta em perigo, a pior crise financeira desde ha um século.

Nesta noite de comemoraçao, nós sabemos que neste momento bravos americanos despertam nos desertos do Iraque e nas montanhas do Afeganistão, arriscando as suas vidas por nós. Ha mães e pais que, depois de adormecerem os filhos, se perguntam como fazer para pagar as suas hipotecas ou a factura do médico ou para poupar o suficiente para a educação universitária dos seus filhos.

Há novas energias a aproveitar, novos postos de trabalho a criar, novas escolas a construir , ameaças a gerir, alianças a consertar.

O caminho será longo. A nossa subida será íngreme. Não poderemos lá chegar num ano , nem mesmo durante um simples mandato. Mas, na América, eu nunca acreditei tanto como esta noite que vamos chegar lá. Eu prometo-vos, nós, como povo, chegaremos lá. (PÚBLICO: Sim, nós podemos! Sim, nós podemos! Sim, nós podemos!) .

Haverá recuos e falsas partidas. Há muitas pessoas que não irão concordar com todas as decisoes ou políticas que tomarei como presidente. E nos sabemos que o governo não podera resolver todos os problemas. Mas serei sempre honesto convosco sobre os desafios que enfrentamos.
Vou escutar-vos , especialmente quando discordarmos. E, acima de tudo, vou-vos pedir para participarem nos trabalhos de redificaçao desta nação, da mesma forma que se fez na América durante 221 anos - bloco por bloco, tijolo por tijolo, mão calejada em mão calejada .

O que começou há 21 meses nas profundidades do inverno não pode terminar nesta noite de Outono. Esta vitória por si só não é a mudança que procuramos. É a única chance que temos de fazer mudanças. E elas não podem acontecer se voltarmos para tràs, à forma como as coisas eram. Elas não poderao acontecer sem vos, sem um novo espírito de serviço, um novo espírito de sacrifício. Por isso, vamos convocar um novo espírito de patriotismo, de responsabilidade, onde cada um de nós resolve empenhar-se e trabalha mais e cuida nao so de si proprio, mas uns dos outros.

Lembremo-nos que, se esta crise financeira nos ensinou alguma coisa, é que não podemos ter uma florescente Wall Street, enquanto Main Street sofre. Neste país, subimos ou descemos como uma nação, como um povo. Vamos resistir à tentação de cair novamente sobre o mesmo partidarismo e pequenez e imaturidade que tem envenenado a nossa política há tanto tempo².
Lembremo-nos que foi um homem deste estado o primeiro que carregou a bandeira do Partido Republicano até à Casa Branca, um partido fundado nos valores da auto-suficiência e da liberdade individual e de unidade nacional.

Esses são valores que todos partilhamos. E, agora que o Partido Democrata conquistou uma grande vitória esta noite, vamos fazê-lo com humildade e determinação para curar as clivagens que têm travado o nosso progresso. Como disse Lincoln , a uma nação muito mais dividida do que nossa, nos não somos inimigos, mas amigos. Ainda que a paixão possa ter emergido, ela não deve quebrar os nossos laços de afeto.

E aos Americanos cujo apoio ainda devo merecer e ganhar, talvez eu nao tenha tido o vosso voto esta noite, mas escuto as vossas vozes. Preciso da vossa ajuda. E eu serei o vosso presidente, também. E a todos aqueles que nos olham a partir das suas casas, parlamentos e palácios, àqueles que estao escutando a radio nos cantos esquecidos do mundo, as nossas histórias são únicas, mas o nosso destino é compartilhado, e uma nova aurora da liderança americana està à mão.

Aqueles - para aqueles que querem puxar o mundo para baixo: Nos vos derrotaremos. Aqueles que procuram a paz e a segurança: Nós vos apoiamos. E a todos os que se perguntaram se o farol da América ainda é tão brilhante: esta noite provamos mais uma vez que a verdadeira força da nossa naçao provém não apenas do poder dos nossos braços ou da medida da nossa riqueza, mas do poder duradouro de nossos ideais : democracia, liberdade, oportunidade e esperança sem fim. Esse é o verdadeiro gênio da América: é que a América pode mudar. A nossa união pode ser aperfeiçoado. O que ja alcançamos dá-nos esperança para o que podemos e devemos alcançar amanhã.

Esta eleição conheceu muitos e muitos episodios que serao contados durante gerações. Mas uma historia que me vem à cebeça esta noite é a de uma mulher que esta agora a votar em Atlanta . Ela é um pouco como os milhões de outras pessoas que estiveram na fila para fazer ouvir a sua voz nesta eleição, à excepção de uma coisa: Ann Cooper Nixon tem 106 anos.

Ela nasceu apenas uma geração apos a escravatura; quando não havia carros na estrada ou aviões no céu, quando alguém como ela não pôdia votar por duas razões - porque ela era mulher e por causa da cor da sua pele . E esta noite, eu penso sobre tudo o que ela viu ao longo dos seus 100 anos na América - a melancolia e a esperança, as lutas e os progressos; nas vezes em que nos disseram que não podemos, e nas pessoas que fizeram pressão com este credo Americano: Sim, nos podemos. (PÚBLICO: Sim, nos podemos.)

Numa altura em que vozes femininas foram silenciados e as suas esperanças desmoronadas, ela viveu para vê-las de pé e falarem e chegarem ao escrutínio. Sim, nos podemos. PÚBLICO: Sim, podemos.)

Quando houve desespero e depressão em toda a terra, ela viu uma nação conquistar o próprio medo com um novo pacto, novos empregos, um novo sentido de objectivo comum. Sim, nos podemos. (PÚBLICO: Sim, podemos.)

Quando as bombas caíram sobre o nosso porto e a tirania ameaçou o mundo, ela estava ali para testemunhar uma geração a crescer para a grandeza e a democracia estava salva. Sim, nos podemos. (PÚBLICO: Sim, podemos.)

Ela estava lá nos ônibus em Montgomery , nas mangueiras, em Birmingham , numa ponte em Selma , e um pregador de Atlanta disse ao povo que "Temos de conseguir vencer ". Sim, nos podemos. (PÚBLICO: Sim, podemos.)

E este ano, nesta eleição, ela poisou o seu dedo numa tela, e exerceu o seu direito de voto, porque depois de 106 anos na América, através do melhores tempos e das horas mais amargas, ela sabe como a América pode mudar. Sim, nos podemos. (PÚBLICO: Sim, nos podemos.)

América, nos chegámos tão longe. Nos vimos tanta coisa. Mas há tanto mais a fazer. Então, esta noite, perguntemo-nos a nós próprios - se as nossas crianças devessem viver para ver o próximo século; se as minhas filhas tivessem a sorte de viver tanto tempo quanto Ann Cooper Nixon, que mudanças verao elas ? Que progressos teremos feito? Esta é a nossa oportunidade de responder a este apelo. Este é o nosso momento.

Esta é a nossa vez de colocar o nosso povo de volta ao trabalho e de abrir as portas da oportunidade para os nossos filhos; de restaurar a prosperidade e de promover a causa da paz; de reclamar o sonho americano e de reafirmar que a verdade fundamental é que, de muitos, nos somos um; que quando nós respiramos, nós temos esperança. E quando encontrarmos o cinismo e as dúvidas e aqueles que nos dizem que nós não podemos, nós vamos reagir com esse credo atemporal que resume o espírito de um povo: Sim, nós podemos.

Obrigado.

Deus vos abençoe. E que Deus abençoe os Estados Unidos da América.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Piadas e Meias Verdades

Vezes sem conta recebemos um email com uma piada, esboçamos um sorriso, apagamos ou reenviamos (muitas vezes sem limpar os campos dos anteriores receptores da mesma mensagem). Em alguns casos depois dos actos descritos atrás fica nos a ideia de que até parece que já vimos algo assim algures.

Quantos Abduis "mentirosos" não existem por aí? Vejam a piada abaixo:

Um sujeito engravatado entra na lojinha do Abdul, no Xipamanine, e olha com desprezo para o balcão escuro, as roupas penduradas em ganchos, as caixas de papelão, os envólucros de plástico aos montes pelo chão. Abdul irrita-se com o desprezo do tipo e resmunga:

- Está a olhar para a loja do Abdul com cara de parvo porquê ?! Com esta lojinha, Abdul tem apartamento no Polana Shopping, tem apartamento no prédio chinês, tem casa no Belo Horizonte , tem quinta no Bilene, tem filho a estudar medicina nos Estados Unidos, tem filha estudando moda em Paris . Tudo só com lojinha!

- Bom dia, eu sou fiscal das Finanças!

- Muito prazer ! Eu Abdul, maior mentiroso do Xipamanine...

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

RENAMO: O Cajú Está a Amadurecer Depressa

O Cajú quando maduro cai. O "amadurecimento" da Renamo, ao contrário do que se podia esperar, parece estar a levar os "pais" da Democracia para o chão, numa queda rápida, estrondosa e que promete fazer muito estrago.

Como se já não bastasse a trapalhada na Beira, eis que não sei de onde surge a Sra. Ivete Fernandes a dizer claramente o que mais ninguém diz de dentro da Renamo: Dlhakama é demagogo.

Não é que me surpreenda tal declaração, Dlhakama é mais do que demagogo; Dlhakama é uma nulidade política, com ele a Renamo não tem futuro. Os seus pronunciamentos demontram que é um líder sem visão, sem projecto e sem ideias diferentes para o país.

Dlhakama demonstra a cada vez que aparece em público que, apesar de "jovem", "bonito" ou "parecer europeu" não é e nem constitui alternativa ao partido que governa o país a 33 anos.

Não que isso seja de todo bom. Há o risco de o "meu" partido perante o deserto de ideias que caracteriza a nossa (o)posição, também se acomodar. É difícil correr muito mais depressa quando o potencial adversário ainda nem se quer se moveu do ponto de partida.

Ainda bem que começam a aparecer vozes descordantes de dentro da própria Renamo a dizer o que pensam, como pensam e a mostrar alguma coragem e alguma capacidade. Vamos ver em que dá, mas é pouco crível que dê em outra coisa que não seja a suspensão ou expulsão por um orgão impróprio para o efeito.

Vejamos o artigo que é revelador de que muito do que sabemos da Renamo, talvez, não seja de todo verdade.

EM PLENA CELEBRAÇÃO DO 29° ANIVERSÁRIO DA MORTE DE ANDRÉ MATSANGAÍSSA

Viúva de Evo Fernandes chama Dhlakama de demagogo

Caiu mal o convite da perdiz à imprensa, na sexta-feira última, para falar do clima que se vive no partido e concomitantemente para celebrar o vigésimo nono aniversário da morte de André Matsangaíssa, considerado o fundador da ex-Resistência Nacional Moçambicana, hoje denominada Renamo.

É que a viúva de Evo Fernandes, antigo secretário-geral da Renamo, morto em Lisboa, nos finais da década 80, aproveitou o mesmo encontro para acusar o líder da perdiz, Afonso Dhlakama, de demagogo. Ivete Fernandes, a viúva retromencionada, sem exitar disse que Dhlakama era demagogo, facto que tem perigado o convívio são dentro do partido.

“ Vai me desculpar, mas o senhor está a ser demagogo. Isso é demagogia” , disse Ivete Fernandes, reagindo aos pronunciamentos de Dhlakama, segundo as quais, Matsangaíssa foi o primeiro presidente da Renamo.

Para o desespero de alguns militantes da perdiz, presentes no encontro, Ivete Fernandes disse que o marido é que deu um cunho político à Renamo em 1983, tendo no primeiro congresso sido nomeado Afonso Dhlakama como presidente.

Reagindo, Dhlakama disse que conheceu muito bem André Matsangaíssa de quem foi companheiro quando ambos eram militares da Frelimo, na cidade da Beira, por volta dos finais dos anos 70, antes de desertarem.

Mas a viúva de Evo Fernandes não desarmou, disse alto e em bom som que nenhum elemento da Renamo alguma vez prestou homenagem ao seu marido, pessoa que foi assassinada quando ocupava um alto cargo no partido, coisa que não aconteceu com André Matsangaissa, que perdeu a vida em combate quando era um simples comandante de um pequeno grupo de guerrilheiros. Dhlakama, visivelmente embaraçado, disse que a reclamação de Ivete Fernandes era legítima e havia sido registada.

“ A senhora tem que colaborar, fazendo uma proposta da política das mulheres da Renamo” , referiu o líder da Renamo, tendo encontrado embaraço, pois Ivete Fernandes deu continuidade à sua explicação de que “Dhlakama está preocupado em mesquinhices, de fazer rir as pessoas, em vez de tratar de coisas sérias para o partido. Isso é demagogia.”

Foi bastante notório durante o encontro, que o líder da Renamo evitou falar do motivo do encontro e começou a auto-elogiar-se..

“ Os jornalistas abrem os seus jornais com Dhlakama. Isso só acontece porque sou importante. Qualquer editor para ter lucro usa o meu nome. Atacam-me porque sou forte” , disse, numa voz gutural. continuando acrescentou que “ sou um incómodo para os não democratas.
Mas não me importo, sou bonito, nem pareço um antigo guerrilheiro. Pareço um europeu”.

À margem do encontro, não faltaram apupos à Dhlakama, o qual, fazendo esforço para se mostrar despreocupado, dizia que um dia vai escrever a verdadeira história da Renamo, porque nos dias que correm aparecem muitas pessoas a chamarem a si a autoria da fundação do movimento.

Sobre a demissão de assessores

Por outro lado, Afonso Dlhakama menosprezou o papel dos seus assessores, que têm vindo a abandonar os seus cargos, considerando-lhes como sendo “simples estudantes e recrutas” . “São assessores? São estudantes, são recrutas. Eu nunca tive assessores, eu é que os aconselho”, disse Dlhakama.

Nos últimos dias, diversos membros da Renamo têm vindo a colocar a disposição os seus cargos de assessores de Dlhakama, justificando, alguns deles, não se sentirem úteis no desempenho das suas funções.

Semana finda, Augusto Ussore, quadro sénior do partido e deputado na Assembleia da República (AR), demitiu-se das funções de assessor político do líder da perdiz.

Há dias, os deputados Ismael Mussá e João Colaço demitiram-se dos seus cargos de conselheiros do presidente da Renamo para os assuntos parlamentares e de administração pública, respectivamente.

Matsangaíssa visto por Dhlakama

Na sua comunicação dirigida aos membros e simpatizantes da Renamo, Dlhakama enalteceu os feitos de André Matsangaíssa, justificando que, “graças” a ele, “Moçambique hoje é um país democrático, com o sistema multipartidário, onde as pessoas têm direito a reunião, por exemplo”.
Ele contou que, depois da morte de André Matsangaíssa, cerca de 80 por cento dos guerrilheiros do movimento abandonaram as fileiras.

Contudo, segundo ele, em pouco tempo, a Renamo iniciou o “recrutamento massivo” de jovens, treinou-os e integrou-os na guerra.

“Hoje, estamos no parlamento”, disse ele, acusando a Frelimo, partido no poder, de ser a “única entidade empenhada na luta visando matar” a democracia no País.

“A Frelimo anda a incendiar sedes dos outros partidos, as nossas bandeiras. Dispara contra pessoas inocentes, prende pessoas sem culpa formulada. Eles dizem ser um partido, mas, na verdade, são uma guerrilha, assassinos, aldrabões”, disse Dlhakama, argumentando que a Renamo é “o único partido democrático, cujo líder pode dar aulas de democracia à Frelimo”.
Na verdade, Afonso Dlhakama já se afirmou ser um ditador.

Falando aos membros do seu partido, reunidos Setembro passado em Conselho Nacional realizado na cidade de Quelimane, província central da Zambézia, ele disse que essa ditadura visava “ salvar a democracia” .Na ocasião, Dlhakama disse também que, no dia que ele “acordar mal disposto” , a paz existente no País há 16 anos, pode desaparecer. Ainda no Conselho Nacional da Renamo, este partido expulsou o actual edil da Beira, Daviz Simango, por ele ter decidido se candidatar para a presidência do município da capital de Sofala na qualidade de independente.

Daviz Simango, considerado o gestor municipal mais exemplar da Renamo, foi preterido pelo líder da pediz à favor do deputado Manuel Pereira, candidato legitimado pelo partido para concorrer pela cidade da Beira.

in DIÁRIO DE NOTÍCIAS – 21.10.2008

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Cartas abertas: Mais Uma, Xenofobia

Interessante….

Sensibiliza. Oxalá seja entendida pelos seus concidadãos porque, de facto, é interessante!

Para onde iremos quando a África do Sul estiver destruída?

Houve uma altura na minha vida em que procurei desesperadamente uma empregada doméstica porque não conseguia dar resposta ao trabalho, ao bebé e às tarefas domésticas.

Dirigi-me ao quadro de anúncios de uma loja de conveniências da vizinhança e anotei alguns contactos. Telefonei a um certo número de mulheres e marquei encontros com seis.

Uma delas, sul-africana, não apareceu, mas mandou-me um kolmi. Quando lhe liguei, perguntou-me se podia ir buscá-la, porque não tinha dinheiro para o transporte.

Disse-lhe que outras cinco mulheres, que não eram sul-africanas, tinham conseguido chegar a minha casa à hora marcada. Uma delas até veio com uma criança às costas, na neneca.

Esse episódio, entre muitos outros, mostrou-me claramente que nós, sul-africanos, achamos que temos direito a tudo. Achamos que o mundo nos deve alguma coisa.

Isso é sobretudo verdade para os negros. Não me levem a mal, mas, directamente ou indirectamente, pensamos que o apartheid é uma coisa a que nos podemos agarrar para podermos ser vistos como vítimas, e que tudo nos devia ser facilitado.

E aqui estamos nós, 14 anos após o início da democracia na África do Sul, ainda agarrados a 1976.

Muitos de nós não conseguem aproveitar o acesso à educação nem a oportunidade para aprender mais e marcar a diferença. Por isso abusámos de pessoas que estão simplesmente a fazer os possíveis por ganhar a vida.

Os recentes ataques contra estrangeiros são a prova de que somos uma nação estúpida.
"Roubam-nos os empregos e violam-nos as mulheres", dizem os responsáveis por centenas de crianças inocentes estarem agora a viver em tendas com as famílias.

Como é que alguém pode tomar em mãos o seu destino quando os sul-africanos, no velho estilo dos bairros negros, se sentam todo o dia a apanhar sol, na má língua e a queixarem-se dos estrangeiros que lhes roubam os empregos?

Como é que uma pessoa que se esforça tanto por arranjar emprego e por exercê-lo bem merece ser espancada e até queimada?

Não percebo como fomos engendrados como sul-africanos. Sei que não temos todos a mesma mentalidade, e que há cidadãos instruídos que são completamente opostos a tais actos. Mas a rapidez com que esses ataques se espalharam é uma vergonha nacional.

Porque é que não participamos de forma tão rápida e colectiva em actividades de construção nacional? E porque estamos tão dispostos a participar quando se trata de coisas que não só destroem vidas humanas como também a economia e a credibilidade do país?

Dizemo-nos uma nação civilizada? Tenho vergonha de ser sul-africana.

Somos uma nação bárbara, e o nosso pior pesadelo.

Pergunto-me o que acontecerá quando finalmente atingirmos o objectivo de arruinar por completo o país - a economia, a credibilidade e os valores sociais - e precisarmos da ajuda dessas mesmas pessoas que andamos a matar.

Será que esperamos que esses países cuidem dos nossos filhos como fizeram no tempo do apartheid para regressarem à África do Sul como dirigentes instruídos, sábios e capazes?

Ou será que esses países também têm o direito de espancar os nossos filhos, de os queimar vivos e de os escorraçar como se fossem criminosos?

NOMFUNDO XULU

In The Times, 26/5/2008

Cartas abertas: Mais Uma

Esta é mais uma carta que tem circulado via email apelando à reflexão e a mudança de atitude por uma país melhor. Achei interessante trazê-la aqui.

Pertenço a um País, o País do Chiconhoca.

A crença geral anterior era de que Samora não servia, bem como Chissano. Agora, dizemos que Guebuza não serve. E o que vier depois de Guebuza também não servirá para nada.

Por isso, começo a suspeitar que o problema não está no DEIXA ANDAR de Chissano ou na farsa que é o NÃO DEIXA FAZER de Guebuza. O problema está em nós! Nós como povo! Nós como matéria-prima de um País!

Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o Dólar.

Um País onde ficar rico da noite para o dia é uma "virtude mais apreciada" do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais. Pertenço a um País onde, lamentavelmente, os Jornais jamais poderão ser vendidos como em outros Países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só Jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.

Pertenço ao País onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos... e para eles mesmos...

Pertenço a um País onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo ou da DSTV, onde se frauda a declaração de IRPS e IRS para não pagar ou pagar menos impostos.

Pertenço a um País onde a falta de pontualidade é um hábito. Onde os Directores das Empresas não valorizam o capital humano que tem antes pelo contrário os exploram. Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam do Governo por não limpar os esgotos. Onde as pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros. Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é "muito chato ter que ler") e não há consciência nem memória política, histórica nem económica.

Onde os nossos Políticos trabalham dois míseros dias por semana para aprovar Projectos e Leis que só servem para caçar mais os pobres, arreliar a classe média e beneficiar a alguns que já sabemos quem são.

Pertenço a um País onde as cartas de condução e as declarações e atestados Médicos podem ser "comprados", sem se fazer qualquer exame.

Um País onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no machimbombo, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não dar-lhe o lugar.

Um País no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão. Um País onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos Governantes.

Quanto mais analiso os defeitos de Chissano e de Guebuza, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado.

Quanto mais digo o quanto o Samora é culpado, melhor sou eu como Moçambicano, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um Cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas.

Não! Não! Não! Já basta!

Como "matéria-prima" de um País, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que nosso País precisa! Esses defeitos, essa "CHICO-ESPERTERTICE MOÇAMBICANA'"congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até converter-se em casos escandalosos na Política, essa falta de qualidade humana, mais do que Samora, Chissano ou Guebuza, é que é real e honestamente ruim, porque todos eles são Moçambicanos como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não em outra parte...

Fico triste! Porque, ainda que Guebuza fosse embora hoje mesmo, o próximo que o suceder terá que continuar trabalhando com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não poderá fazer nada... Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa
fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá.

Nem serviu Samora, nem serviu Chissano e nem serve Guebuza, nem servirá o que vier. Qual é a alternativa?

Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror? Aqui faz falta outra coisa! E enquanto essa "outra coisa" não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados... igualmente abusados!

É muito bom ser Moçambicano. Mas quando essa Moçambicanidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda... Não esperemos acender uma vela a todos os Santos , a ver se nos mandam um Messias. Nós temos que mudar!! Um novo governante com os mesmos Moçambicanos nada poderá fazer! Está muito claro... Somos nós que temos que mudar! Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a nos acontecer: desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e francamente tolerantes com o fracasso.

É a indústria da desculpa e da estupidez!

Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar o responsável, não para castigá-lo, senão para exigir-lhe (sim, exigir-lhe) que melhore seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido.

Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO EM OUTRO LADO. E você, o que pensa?.... MEDITE!

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Cartas abertas

Esta das cartas abertas aos Ministros, Deputados e mesmo ao Presidente da República virou uma, quase, mania. Os Jornais, blogs e outros meios estão cheios delas. Os Emails também começam a ser inundados por estas cartas. A que publico abaixo, por achá-la interessante e bom ponto de partida para um debate, é para a Sra Primeira Ministra e caiu-me pelo email adentro. Vejam-na:

CARTA aberta de José Joaquim à Primeira-Ministra
Cara Sra. Primeira-Ministra,
Venho por meio desta manifestar o meu total apoio ao esforço do Governo na modernização e capacitação económica do nosso país. Como cidadão comum, não tenho muito a oferecer para além do meu trabalho.

Já que o estágio actual da nossa economia está na consolidação da Reforma Tributária, percebi que posso definitivamente contribuir mais.

Vou explicar: na actual legislação, pago na fonte (de impostos) 27,5% do meusalário, como pode ver, sou um moçambicano afortunado.
Sou obrigado a concordar que é pouco dinheiro para o Governo fazer tudo aquilo que prometeu ao cidadão em tempo de campanha eleitoral.
Mesmo juntando ao valor pago por outras dezenas de milhões de assalariados do país!Tenho uma sugestão: invertermos as percentagens.
A partir do próximo mês o Governo pode ficar com 72,5% do meu salário, como minha contribuição. O que quer dizer que, eu receberia mensalmente apenas 27,5% do resultado do meu trabalho mensal.
Fico com 27,5% limpinhos, sem qualquer ônus e o Governo fica com 72,5% e leva junto as contas de Escola dos meus filhos, Assistência Médica, Remédios, Materiais Escolares, Condomínio (Renda de casa), Impostos Municipais (Incluindo a taxa de lixo), Água, Luz, Telefone, Celular (gasto 800 000,00 Mts mensais só na compra de girinhos), Mercado, Mercearia, Gasolina, Mecânicos, Chapa, Vestuário, Lazer, Portagens, Cultura, Segurança, Previdência Privada e Social, e qualquer outra taxa extra que por ventura seja repentinamente criada por qualquer dos Poderes Executivo, Legislativo ou Judiciário, ou resultado de qualquer inflação.
Assim me sentirei mais útil ao meu país com mais vontade de trabalhar, até nem vou pressionar ao meu sindicalista a lutar por um aumento no salário mínimo, e torço para que assim o Governo consiga liquidar a nossa divida Externa.
Um abraço Sra. PM e Muito Boa Sorte, do fundo do meu coração!Um assalariado.PS: Estou aberto até a negociar o percentual!!!

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Coincidências

Descobri hoje que a Ivone Soares tem um blog que, tal como este, se chama POLITICANDO. Mera coincidência.

Quando empreendi a "viagem" pela blogosfera e decidi criar o meu blog e pensei no nome, não imaginei que para além dohttp: //moziepoliticando.blogspot.com/ ou simplesmente PoLiTiCaNdO houvesse outro blog simplesmente conhecido por POLITICANDO ou http://politicandomoz.blogspot.com/ .

Seja quem for que tenha estabelecido o 1º POLITICANDO acredito que não tenha havido nenhuma cópia ou intenção maléfica de quem estabeleceu em 2º plano. São meras coincidências.

Um abraço Ivone vamos politicar Moçambique. Vamos politicar Moçambique reconhecendo que nem sempre estaremos de acordo.

Gonçalves Matsinhe

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Estamos de Volta - Ivo Garrido Também

Comecemos por filicitar a todos os blogistas e desejar um feliz 2008. Que neste ano (que já leva 23 dias) haja tudo de bom e de melhor para todos. Voltamos. Não de férias como o mano Júlio Mutisse. Voltamos à cidade depois de muitos dias de trabalho lá onde falta luz electrica (para não falar de Internet). De lá onde quando as pilhas do rádio se esgotam contentámo-nos em ouvir (e descobrir) a beleza do canto dos pássaros e dos sons da natureza.

Chegamos e soubemos logo que "Garrido ataca anarquia nos hospitais da Matola" através do Notícias e lembrámo-nos das resportagens televisivas anunciando a visita do enérgico Ministro aos estabelecimentos hospitalares do grande Maputo e arredores. Pensamos: coube a vez a Matola. Até ao final do mandato (a este andar) Garrido terá chegado a Inhambane.

Infelizmente o que se relata nas páginas do Notícias não é exclusivo dos centros de saúde da Matola I e II acontece em muitos hospitais e centros de saúde de referência ao nível provincial, distrital e de localidade.

No início destas visitas tsunamísticas cheguei a pensar no efeito dissuazor que elas teriam para os demais centros hospitalares e, fundamentalmente, para quem os dirige que não quereria passar por incompetente. Enganei-me. Se na Matola (que dista no máximo 20 Km da cidade) o cenário é aquele que o Notícias descreve imagine-seentão o Hospital Rural de Manjacaze, e os inúmeros centros de saúde espalhados pelo Moçambique não visto pela TVM e pela STV?

Alguns dos fenómenos que Ivo Garrido constatou, não são exclusivos do sector que dirige. São problemas de toda a Administração Pública. Refiro-me à questão dos crachás, por exemplo, impostos pelo Decreto 30/2001 a todos os funcionários públicos. Basta uma passagem pelos notários e outras repartições públicas para constatar que ninguém os usa ou, quem os usa, usa os incorrectamente escondendo deliberadamente a identificação.

Diz Garrido “Verifiquei que outros não usam crachás de propósito. Os trabalhadores chegam à hora que quiserem e atendem mal os doentes. Não podemos admitir que doentes continuem a dormir no chão. Porquê não colocar bancos para as pessoas se sentarem? É preciso tratar os doentes com respeito, porque é isso que se aprende na formação. Temos que tratar o hospital como se fosse a nossa casa. Quando mandámos a inspecção, concluiu que havia muitas irregularidades, como as cobranças ilícitas e outras práticas, pelo que vamos ter que tomar medidas.”

Pergunto que medidas, para além da visita, tomou o Ministro em relação às irregularidades constatadas pela inspecção? Quem deve condicionar os meios aos centros de saúde para a colocação dos bancos? Que coordenação existe entre o MISAU e o Ministério da Função Pública para corrigir a indisciplina dos funcionários públicos afectos à Saúde que, em muitos casos e em todo o país, como constatou o Ministro, que chegam tarde, assinam o livro de ponto quando querem e cobram dinheiro ilicitamente aos utentes do serviço público de saúde?

São estas questões que, quanto a mim, o Ministro deveria resolver e não resolve. As visitas podem ter um efeito mediático, podem resolver os problemas daquele hospital específico durante algum tempo mas, eis a questão: e lá onde o Ministro não chegou ainda como é?

Matsinhe.