quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Estamos de Volta - Ivo Garrido Também

Comecemos por filicitar a todos os blogistas e desejar um feliz 2008. Que neste ano (que já leva 23 dias) haja tudo de bom e de melhor para todos. Voltamos. Não de férias como o mano Júlio Mutisse. Voltamos à cidade depois de muitos dias de trabalho lá onde falta luz electrica (para não falar de Internet). De lá onde quando as pilhas do rádio se esgotam contentámo-nos em ouvir (e descobrir) a beleza do canto dos pássaros e dos sons da natureza.

Chegamos e soubemos logo que "Garrido ataca anarquia nos hospitais da Matola" através do Notícias e lembrámo-nos das resportagens televisivas anunciando a visita do enérgico Ministro aos estabelecimentos hospitalares do grande Maputo e arredores. Pensamos: coube a vez a Matola. Até ao final do mandato (a este andar) Garrido terá chegado a Inhambane.

Infelizmente o que se relata nas páginas do Notícias não é exclusivo dos centros de saúde da Matola I e II acontece em muitos hospitais e centros de saúde de referência ao nível provincial, distrital e de localidade.

No início destas visitas tsunamísticas cheguei a pensar no efeito dissuazor que elas teriam para os demais centros hospitalares e, fundamentalmente, para quem os dirige que não quereria passar por incompetente. Enganei-me. Se na Matola (que dista no máximo 20 Km da cidade) o cenário é aquele que o Notícias descreve imagine-seentão o Hospital Rural de Manjacaze, e os inúmeros centros de saúde espalhados pelo Moçambique não visto pela TVM e pela STV?

Alguns dos fenómenos que Ivo Garrido constatou, não são exclusivos do sector que dirige. São problemas de toda a Administração Pública. Refiro-me à questão dos crachás, por exemplo, impostos pelo Decreto 30/2001 a todos os funcionários públicos. Basta uma passagem pelos notários e outras repartições públicas para constatar que ninguém os usa ou, quem os usa, usa os incorrectamente escondendo deliberadamente a identificação.

Diz Garrido “Verifiquei que outros não usam crachás de propósito. Os trabalhadores chegam à hora que quiserem e atendem mal os doentes. Não podemos admitir que doentes continuem a dormir no chão. Porquê não colocar bancos para as pessoas se sentarem? É preciso tratar os doentes com respeito, porque é isso que se aprende na formação. Temos que tratar o hospital como se fosse a nossa casa. Quando mandámos a inspecção, concluiu que havia muitas irregularidades, como as cobranças ilícitas e outras práticas, pelo que vamos ter que tomar medidas.”

Pergunto que medidas, para além da visita, tomou o Ministro em relação às irregularidades constatadas pela inspecção? Quem deve condicionar os meios aos centros de saúde para a colocação dos bancos? Que coordenação existe entre o MISAU e o Ministério da Função Pública para corrigir a indisciplina dos funcionários públicos afectos à Saúde que, em muitos casos e em todo o país, como constatou o Ministro, que chegam tarde, assinam o livro de ponto quando querem e cobram dinheiro ilicitamente aos utentes do serviço público de saúde?

São estas questões que, quanto a mim, o Ministro deveria resolver e não resolve. As visitas podem ter um efeito mediático, podem resolver os problemas daquele hospital específico durante algum tempo mas, eis a questão: e lá onde o Ministro não chegou ainda como é?

Matsinhe.

3 comentários:

Júlio Mutisse disse...

Mano veja o debate que está a correr no blog do Patrício Langa em http://circulodesociologia.blogspot.com/

Elísio Macamo disse...

boa reflexão, parabéns! identifica várias questões que precisariam da atenção de todos nós: definição de responsabilidades, formulação de critérios de desempenho, definição de quem vela pelos critérios, etc., etc. é bom constatar que não está todo o mundo a desabafar, embora as razões para tal sejam tantas! força!

david santos disse...

Olá, Matsinhe.
Como vão as coisas aí em Moçambique? Vejo aqui a televisão e tudo indica que essas cheias vos estão a consumir muito.
Que tudo volte à normalidade são os meus desejos.
Abraços.

David Santos