O Cajú quando maduro cai. O "amadurecimento" da Renamo, ao contrário do que se podia esperar, parece estar a levar os "pais" da Democracia para o chão, numa queda rápida, estrondosa e que promete fazer muito estrago.
Como se já não bastasse a trapalhada na Beira, eis que não sei de onde surge a Sra. Ivete Fernandes a dizer claramente o que mais ninguém diz de dentro da Renamo: Dlhakama é demagogo.
Não é que me surpreenda tal declaração, Dlhakama é mais do que demagogo; Dlhakama é uma nulidade política, com ele a Renamo não tem futuro. Os seus pronunciamentos demontram que é um líder sem visão, sem projecto e sem ideias diferentes para o país.
Dlhakama demonstra a cada vez que aparece em público que, apesar de "jovem", "bonito" ou "parecer europeu" não é e nem constitui alternativa ao partido que governa o país a 33 anos.
Não que isso seja de todo bom. Há o risco de o "meu" partido perante o deserto de ideias que caracteriza a nossa (o)posição, também se acomodar. É difícil correr muito mais depressa quando o potencial adversário ainda nem se quer se moveu do ponto de partida.
Ainda bem que começam a aparecer vozes descordantes de dentro da própria Renamo a dizer o que pensam, como pensam e a mostrar alguma coragem e alguma capacidade. Vamos ver em que dá, mas é pouco crível que dê em outra coisa que não seja a suspensão ou expulsão por um orgão impróprio para o efeito.
Vejamos o artigo que é revelador de que muito do que sabemos da Renamo, talvez, não seja de todo verdade.
EM PLENA CELEBRAÇÃO DO 29° ANIVERSÁRIO DA MORTE DE ANDRÉ MATSANGAÍSSA
Viúva de Evo Fernandes chama Dhlakama de demagogo
Caiu mal o convite da perdiz à imprensa, na sexta-feira última, para falar do clima que se vive no partido e concomitantemente para celebrar o vigésimo nono aniversário da morte de André Matsangaíssa, considerado o fundador da ex-Resistência Nacional Moçambicana, hoje denominada Renamo.
É que a viúva de Evo Fernandes, antigo secretário-geral da Renamo, morto em Lisboa, nos finais da década 80, aproveitou o mesmo encontro para acusar o líder da perdiz, Afonso Dhlakama, de demagogo. Ivete Fernandes, a viúva retromencionada, sem exitar disse que Dhlakama era demagogo, facto que tem perigado o convívio são dentro do partido.
“ Vai me desculpar, mas o senhor está a ser demagogo. Isso é demagogia” , disse Ivete Fernandes, reagindo aos pronunciamentos de Dhlakama, segundo as quais, Matsangaíssa foi o primeiro presidente da Renamo.
Para o desespero de alguns militantes da perdiz, presentes no encontro, Ivete Fernandes disse que o marido é que deu um cunho político à Renamo em 1983, tendo no primeiro congresso sido nomeado Afonso Dhlakama como presidente.
Reagindo, Dhlakama disse que conheceu muito bem André Matsangaíssa de quem foi companheiro quando ambos eram militares da Frelimo, na cidade da Beira, por volta dos finais dos anos 70, antes de desertarem.
Mas a viúva de Evo Fernandes não desarmou, disse alto e em bom som que nenhum elemento da Renamo alguma vez prestou homenagem ao seu marido, pessoa que foi assassinada quando ocupava um alto cargo no partido, coisa que não aconteceu com André Matsangaissa, que perdeu a vida em combate quando era um simples comandante de um pequeno grupo de guerrilheiros. Dhlakama, visivelmente embaraçado, disse que a reclamação de Ivete Fernandes era legítima e havia sido registada.
“ A senhora tem que colaborar, fazendo uma proposta da política das mulheres da Renamo” , referiu o líder da Renamo, tendo encontrado embaraço, pois Ivete Fernandes deu continuidade à sua explicação de que “Dhlakama está preocupado em mesquinhices, de fazer rir as pessoas, em vez de tratar de coisas sérias para o partido. Isso é demagogia.”
Foi bastante notório durante o encontro, que o líder da Renamo evitou falar do motivo do encontro e começou a auto-elogiar-se..
“ Os jornalistas abrem os seus jornais com Dhlakama. Isso só acontece porque sou importante. Qualquer editor para ter lucro usa o meu nome. Atacam-me porque sou forte” , disse, numa voz gutural. continuando acrescentou que “ sou um incómodo para os não democratas.
Mas não me importo, sou bonito, nem pareço um antigo guerrilheiro. Pareço um europeu”.
À margem do encontro, não faltaram apupos à Dhlakama, o qual, fazendo esforço para se mostrar despreocupado, dizia que um dia vai escrever a verdadeira história da Renamo, porque nos dias que correm aparecem muitas pessoas a chamarem a si a autoria da fundação do movimento.
Sobre a demissão de assessores
Por outro lado, Afonso Dlhakama menosprezou o papel dos seus assessores, que têm vindo a abandonar os seus cargos, considerando-lhes como sendo “simples estudantes e recrutas” . “São assessores? São estudantes, são recrutas. Eu nunca tive assessores, eu é que os aconselho”, disse Dlhakama.
Nos últimos dias, diversos membros da Renamo têm vindo a colocar a disposição os seus cargos de assessores de Dlhakama, justificando, alguns deles, não se sentirem úteis no desempenho das suas funções.
Semana finda, Augusto Ussore, quadro sénior do partido e deputado na Assembleia da República (AR), demitiu-se das funções de assessor político do líder da perdiz.
Há dias, os deputados Ismael Mussá e João Colaço demitiram-se dos seus cargos de conselheiros do presidente da Renamo para os assuntos parlamentares e de administração pública, respectivamente.
Matsangaíssa visto por Dhlakama
Na sua comunicação dirigida aos membros e simpatizantes da Renamo, Dlhakama enalteceu os feitos de André Matsangaíssa, justificando que, “graças” a ele, “Moçambique hoje é um país democrático, com o sistema multipartidário, onde as pessoas têm direito a reunião, por exemplo”.
Ele contou que, depois da morte de André Matsangaíssa, cerca de 80 por cento dos guerrilheiros do movimento abandonaram as fileiras.
Contudo, segundo ele, em pouco tempo, a Renamo iniciou o “recrutamento massivo” de jovens, treinou-os e integrou-os na guerra.
“Hoje, estamos no parlamento”, disse ele, acusando a Frelimo, partido no poder, de ser a “única entidade empenhada na luta visando matar” a democracia no País.
“A Frelimo anda a incendiar sedes dos outros partidos, as nossas bandeiras. Dispara contra pessoas inocentes, prende pessoas sem culpa formulada. Eles dizem ser um partido, mas, na verdade, são uma guerrilha, assassinos, aldrabões”, disse Dlhakama, argumentando que a Renamo é “o único partido democrático, cujo líder pode dar aulas de democracia à Frelimo”.
Na verdade, Afonso Dlhakama já se afirmou ser um ditador.
Falando aos membros do seu partido, reunidos Setembro passado em Conselho Nacional realizado na cidade de Quelimane, província central da Zambézia, ele disse que essa ditadura visava “ salvar a democracia” .Na ocasião, Dlhakama disse também que, no dia que ele “acordar mal disposto” , a paz existente no País há 16 anos, pode desaparecer. Ainda no Conselho Nacional da Renamo, este partido expulsou o actual edil da Beira, Daviz Simango, por ele ter decidido se candidatar para a presidência do município da capital de Sofala na qualidade de independente.
Daviz Simango, considerado o gestor municipal mais exemplar da Renamo, foi preterido pelo líder da pediz à favor do deputado Manuel Pereira, candidato legitimado pelo partido para concorrer pela cidade da Beira.
in DIÁRIO DE NOTÍCIAS – 21.10.2008
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