A Democracia está em voga em África e em Moçambique em particular. É Democracia do político que a canta por uma sociedade mais justa e de justiça popular, dos jornalistas que a celebram dos escritos da verdades aos das mais arrepiantes “mentícias”, dos homens da cultura que pensam ser esta a permissa básica para o reconhecimento dos seus direitos, dos estudantes que clamam por maior espaço de acção dentro da sala, dos soldados e mancebos que se rebelam nos quartéis porque certos de que lhes assistem direitos, enfim, uma série de situações, que quando questionadas, só a Democracia as justifica e ainda bem que assim sucede.
A democracia, é assim vista como governo das liberdades e onde, a de expressão mais se acentua. De facto, “A liberdade de expressão, sobretudo sobre política e questões públicas é o suporte vital de qualquer democracia, Sendo que os governos democráticos não controlam o conteúdo da maior parte dos discursos escritos ou verbais, o que faz com que se abra um espaço amplo de debate, onde muitas vozes exprimem idéias e opiniões diferentes e até contrárias”.
Tenho acompanhado de alguns círculos, o debate sobre os analistas que a ritmo crescente tem despontado na sociedade moçambicana. Na verdade, este debate não é só de Moçambique, mas dos demais paises, que de dia para noite vêm-se invadidos por uma série de comentadores (analistas) de quase tudo. Aliás, se olharmos para as televisões e um pouco por todo mundo, damo-nos conta de que conteúdos culturais e históricos são a cada dia afastados em nome dos debates,que naturalmente devem ser alimentados por diversos analistas.
Defendem estes círculos, que a proliferação de analistas, tem baixado sobremaneira, a qualidade de debate.
Penso eu, que os que nos chamam atenção para este debate, levantam um falso problema, pois, colocam o número de analistas como problema, quando o verdadeiro problema reside na qualidade de análise.
E ademais, mesmo que defendessem que o problema está na qualidade de análise; ao chamarem-nos atenção para a quantidade e qualidade, devemos entender, que estes nos pretendem passar alguma mensagem.
Uma mensagem que pode ser de desqualificação dos outros e/ou a rejeição intelectual do que o outro diz; como se aquele não tivesse autoridade para dizer seja o que for e/ou mesmo, de preocupação pela qualidade de debate.
Quero acreditar, que é a preocupação da qualidade de debate, que faz levantar estas vozes, mas, sobre esta, estes, nada devem temer, porque o cidadão tem também as suas ferramentas de análise, que o permitem, olhar sob o mesmíssimo prisma; classificando, onde reside a qualidade.
O que acho verdadeira “aberração” no debate de ideias por parte de alguns analistas, é o não respeito ao princípio de especialidade, onde, um engenheiro químico, discute e com certezas absolutas leis com um jurista.
Ora, nem que o químico, não reconheça autoridade no jurista ao lado, deve levar em conta, que se tivéssemos que presumir a veracidade da opinião emitida, o pensamento do jurista e se for matéria jurídica em discussão, se presume certa, nem que a do agrónomo se revele certa.
Isto sucede, em respeito ao princípio da especialidade, que recomenda que cada um seja autoridade na sua área, cabendo assim, e quando a verdade esteja subvertida que sejam os pares a contradizerem.
O que se assiste no nosso país é uma vaga de contestação sobre esta tendéncia crescente de analistas, como se, ao levantarem algumas ideias torpes nos debates que participam pudessem contaminar a lucidez dos analistas gurus.
A não ser que incomode que alguns analistas, sejam filhos de operários e camponeses, (quando a pergunta que nos ressalta com facilidade quando alguém se predispõe a discutir ideias conosco é a de que: quem é este? Ou melhor quem és tu?), não vejo porque cargas de água se desqualifica a quem quer opinar e somente, porque mesmo quando a opinião tenha valor somente no círculo familiar daquele, não deixa de ser opinião e a respeitar.
A não ser que existam neste pais, entes autorizados e dizer ciência como que de alguma pedagogia divina se tratasse. A não ser que exista uma casta de pensadores e macrocéfalos, que possuem o monopólio da verdade.
E não existe, nem um nem outro, repito, não existe. Não vamos matar a livre opinião sob pressupostos falsos ou egoísticos, porque sinceramente, se quisermos descobrir a obra dos que sempre se consideram e foram ao longo dos tempos considerados os analistas mor talvez nada se encontre, como eles alegam que nada se encontra hoje.
Deixemos que cada um descubra na palavra dita, o pensamento. Que descubra, acima de tudo, alguma verdade, e, nem que a mesma não nos agrade é preciso buscá-la e rebaté-la com argumentos válidos em vez de desuqlificá-la, como se Deus estivesse a falar.