Da apologia ao colonialismo à psicose da negação: o pensamento de Philipe Gagnaux
Michaque Matsinhe
Não escreveria esta carta não fosse por ter nutrido durante algum tempo, alguma simpatia pelo exercício de cidadania que o Dr. Philipe Gagnaux vinha exercendo como concidadão. Não vi de outra forma o seu envolvimento de liderença no movimento “Juntos pela Cidade” senão como o exercício de cidadania na nossa democracia em crescimento, com as suas naturais vicissitudes.
Todavia ao assistir o último programa do domingo sobre a resenha da semana na estação televisiva da Soico, onde a sua intervenção se resumiu numa apologia ao colonialismo e à negação do valor da luta armada de libertação nacional como condição determinante do processo de descolonização em Moçambique. Esta intervenção foi prontamente apoiada por um dos seus parceiros no debate, neste caso o Deputado da Renamo António Mulhanga que, não ocasião, louvou entusiasticamente o “grande amor dos portugueses” pelo povo moçambicano, factor que, segundo este estranho personagem sintonizado com Gagnaux, esteve na origem da nossa independência. E não a luta armada, visto que esta foi protagonizada por aventureiros e oportunistas que queriam simplesmente chamar à atenção no caso de a bondade e o amor dos colonialistas se decidisse manifestar. Esta estanha posição, de parte do Dr. Philipe Gagnaux, remeteu-me a um profundo desapontamento e revolta visceral como neto de escravos e de avós trabalhadores em regime de chibalo. E, conhecendo seus antecedentes genealógicos progressistas e pensamento, hoje levanto duas questões centrais:
Há quanto tempo Ganhaux nos engana sobre a sua defesa da moçambicanidade e construção da Nação Moçambicana? Ou será que as suas afirmações, simplesmente retratam uma psicose política de negação a tudo, não importando os factos ou sua distorção, bastando que seja algo inerente ou relacionado com a Frelimo?
Vou tentar desconstruir a aberração histórica e humilhante com que Ganhaux afronta ao nosso Nós, identidade moçambicana, independentemente da cor, raça, religião ou etnia, edificada com sangue e não com a “oferta generosa e amorosa”, resultante de uma descolonização durante a qual os portugueses, presumivelmente, teriam acabado por nos dar a Independência de bandeja e por vontade própria, segundo o nosso bom Doutor.
O pensamento de Ganhaux revolta porque ao mesmo tempo que “indirectamente” usa os pressupostos de Salazar na sua relação com as Colónias, legitima os argumentos dos finais da década 50 substanciadas em Humberto Delegado e reforçadas pela elite colonial portuguesa na década 70, para negar a independência de Moçambique. Por conseguinte: Não foram os moçambicanos que registaram na sua história que, quando Portugal se tornou membro da ONU em 1955 recebeu ordens para conceder a independência das colónias mas que contra essa ordem declara que todos os habitantes das suas colónias eram cidadãos portugueses e passa a designa-los por províncias ultramarinas, mantendo-se irredutível, lançando com seu estado novo a aceleração da desgraça e massacres sobre os moçambicanos.
Dr. Gagnaux, foi a elite portuguesa que negou a descolonização pacificamente solicitada, alegando que o Preto não estava preparado para se governar e que de forma intemporal era preciso dar-lhes tempo e ensinar-lhes a se governarem.
Façamos uma viagem pelo tempo Doutor. Onde é que o Sr, e milhares de nossos pais deveriam ter ficado sentados à espera da gratidão e e do amor dos colonos, alegado por si e por António Mulhanga, que eventualmente levaria os colonialistas a dizerem: agora sim esses pretos já estão maduros, merecem ser independentes?! Será que acredita no que diz, ou porque na psicose da negação da Frelimo isso é de bom-tom? Parou para pensar que colonialismo não é só antónimo de Frelimo? Mas sim é sinónimo de humilhação, despotismo, racismo, atraso premeditado e propositado dos negros, dominação, massacres, e atraso do habitante da colónia? Ou as vicissitudes inerentes à construção democrática e a sua negação normal, legitima como cidadão contra a ideologia vigente e processos de governação, são razão suficiente para dizer que não devíamos ter ficado independentes?
Por último: Não estive na luta armada. Mas em conversas privadas sobre estórias de vida de alguns combatentes, muitos deles anónimos, no final é sempre de limpar lágrimas teimosas. Não estou sequer a falar do valor histórico, mas dos indivíduos, que não tiveram juventude, não crescerem como homens e mulheres normais. Desvalorizar a luta armada como condição da descolonização, ignorar que a luta armada, no Conjunto das colónias foi o oxigénio que insuflou as condições sociais e políticas para o surgimento do 25 de Abril, Dr. Isso é duplamente uma miopia.
Este 25 de Abril que não surgiu devido ao “amor dos colonialistas” como o Dr. Gagnaux e Mulhanga alegam, mas sim da derrota dos portugueses no teatro das operações em Moçambique, na Guiné e em Angola. Os oficiais portugueses que promoveram a Revolução dos cravos estavam cansados de ver seus camaradas morrerem e ficarem estropiados por causa duma guerra que, no fim, consideraram injusta. O Movimento das Forças Armadas nasceu do calor cada vez mais incandescente da luta dos nossos povos caro Dr. Da luta dos Africanos que a ideologia racista do colonialista insistia em não reconhecer nenhuma capacidade. Suas declarações, Dr. Gagnaux, nos lembram esses tempos de aviltamento que a luta de libertação nacional ajudou a redimir. É facto histórico que, mesmo o “amoroso” regime saído do 25 de Abril procurou, na fase inicial das negociações com a FRELIMO, utilizar uma dupla técnica segundo a qual, publicamente, afirmava condenar e rejeitar a hedionda herança colonial, quando no segredo da mesa das conversações se esforçava por encontrar novas fórmulas destinadas a perpetuar o colonialismo. Pública e solenemente a delegação portuguesa reconhecia a natureza criminosa do colonialismo, aceitava a responsabilidade pelos crimes e massacres colonialistas e até homenageou a memória de Eduardo Mondlane. Na mesa das conversações, porém, a delegação portuguesa vinha propor precisamente, os mesmos esquemas que Marcelo Caetano havia já proposto.
A obstinação portuguesa forçou o conflito a prolongar-se, provocou novas derrotas ao exército colonial, acelerou o processo do colapso – sim, Doutor, COLAPSO - do exército agressor. As derrotas sofridas pelo colonialismo destruíram as manobras políticas que os “amorosos” governantes pós 25 de Abril fomentavam para obstruir a independência de Moçambique.
E mais. Podemos até problematizar as zonas libertadas como o faz. Mas negar as zonas libertadas como espaço de utopia social e política, de construção de uma nova sociedade com base num novo começo, é negar sem apresentar argumentos que a Frente de Libertação de Moçambique era muito mais que um Movimento Rebelde, similar aos criados no tempo do Apartheid, que começaram por destruir tudo e todos e no final procuraram construir uma pseúdo ideologia. Dr, é isso que está a comparar?
Dr. Discutir e reivindicar espaço legitimo de minorias, explicitamente ou implicitamente, como o Doutor e muitos outros o fazem, não passa por desvalorizar outros grupos, e muito menos humilhar os combatentes que deram o seu generoso sangue para a materialização da derrocada do colonialismo. Deveriam ter se mantido pacientemente no lugar de serviçais? Manter-se analfabetos? Confirmar o ensino ‘amoroso” dos colonialistas de que eles eram incapazes? Está, em conluio com o seu aliado de circunstância António Mulhanga, a insinuar que a grande maioria dos moçambicanos nunca deveria ter saído de onde os colonos os obrigaram a estar? Para ficar quem no lugares deles? Alguma nostalgia?
E desenganem-se os que pensam que as bizarrias do Dr. Gagnaux são apenas uma chapada à FRELIMO. As palavras de Gagnaux são uma agressão e uma negação à moçambicanidade.
O meu abraço e solidariedade aos combatentes de libertação nacional. Mais do que manda-los de volta às suas aldeias, devíamos honrá-los muito mais.
22 comentários:
Viva caro Matsinhe.
Concerteza que nao me conheces, mas gracas as TICs acredito que vais saber de mim, via debates que vao surgindo por aqui por imperativo das circunstancias.
Estive a percorrer o teu lucido escrito em forma de revolta face as declaracoes de Gagnoux e Muchanga no que concerne a luta de libertacao.
Em primeiro plano deixa-me dizer que uma das grandes qualidades e ao mesmo tempo defeitos da democracia reside no facto de cada cidadao bem ao seu gosto e capricho, puder falar o que lhe convier. O que é muito bom, quanto a mim.
Por outro lado, penso que deviamos cultivar cada vez mais o espirito de tolerancia e respeito pelas opinioes alheias pelo facto de cada um de nós ter uma compreencao diferente em relacao aos vários assuntos que surgem na nossa sociedade.
Em segundo lugar acho que ninguem tem a verdade absoluta das coisas, isso quer dizer que quer voce condecorável Matsinhe como os dois comentadores em alusao, procuram defender os pontos de vista com base nas vossas inclinacoes, interesses e apetites.
É claro que um de voces ultrapassou as estribeiras, mas a verdade é uma: a luta de libertacao foi necessaria e valeu ate certo ponto, por isso todos nós temos obrigacao de respeitar a alma e os esforços dos nossos concidadaos que tombaram nessa epopeia.
Como tambem temos que ter humildade suficiente para reconhecer que a conjuntura Internacional jogou um papel muito importante para a descolonizacao das colonias nessa altura e Mocambique nao foi excepção a essa regra.
Todavia, o que mais irrita nessa situacao toda è o facto de certos grupos desta sociedade aproveitarem-se da historia para enriquecerem de forma ilicita.
E para terminar penso que deviamos todos nòs, mocambicanos do Rovuma ao Maputo, do Zumbo ao Indico e amantes desta patria amada, juntar-mos esforços para banir de forma veemente e sem treguas, ideiais e pensamentos fatais como os recentemente proferidos pelo Genaral Chipande.
Essa postura foi e continuará a ser a matriz dos varios problemas deste país, incluindo a guerra dos 16 anos.
É como sempre o digo caro Matsinhe, a arrogancia, ganancia, òdio, falta de tolerancia, tribalismo, nepotismo e egoismo crassos, constituem o ópio que envenena cada vez mais a nossa bela pátria, basta leres profundamente a nossa història, perceberàs as razoes, pelas quais se alicerçam os meus argumentos.
Continua a escrever bem e em prol da nossa pátria, decerto, que a história se lembrará de ti. E eu acho que esta é uma das mais nobres formas de exercer o patriotismo.
Do teu conterraneo nacional...
O patriota.
É importante como Matsinhe coloca o papel da luta armada no “desgaste” de toda a estrutura colonial que culmina com a Revolução de Abril. Esquecer este ponto e olhar para a luta como um mero passeio de “meninos ambiciosos” a espera de um lugar ao sol é não se respeitar parte da nossa história.
O Patriota diz uma coisa que se tem de prestar atenção que é a forma como cada um de nós compreende cada assunto, principalmente quando falamos da história de Moçambique. A nossa história tem muitas zonas de penumbra e muito do que consumimos é o que interessava a um certo grupo que achava ser importante assim para a construção de uma nação. Isso quase todos os estados fizeram.
Mas não temos como admitir a “humanização do colonialismo” porque isso não existiu. Mesmo a igreja católica que defendia a irmandade entre brancos e pretos na era colonial deixava bem claro que para o “preto se tornar gente” precisava de se assimilar o que passava por troca de identidade. Não houve esse “amor” do colonialistas que alguns procuram transmitir. É por essa razão que algumas elites negras defendiam a “humanização do colonialismo” que viria mais tarde a ser substituído pela exigência de independência.
Mas, mesmo reconhecendo a importância da “nossa luta” para o fim do colonialismo porque não podíamos nos dar ao luxo de esperarmos pacientemente pela esmola independentista do governo colonial… dizia que mesmo reconhecendo a importância da luta acho que temos de combater os que fazem desses momentos de nosso orgulho uma carta branca para destruírem esta PÁTRIA AMADA
Espero que tenham percebido que o Matsinhe autor desta carta não é o Matsinhe dono do blog embora, eu Gonçalves Matsinhe, concorde largamente com as posições do meu "familiar" Michaque Matsinhe.
O Gagnaux foi infeliz, em minha opinião.
Com aqueles pronunciamentos Gagnaux:
1. Insultou a memória do seu pai, médico afamado pela seu envolvimento e pela persistência na causa pelo bem estar dos Moçambicanos.
2. Insultou a igreja do seu pai que se engajou ela mesma na causa nacionalista e/ou na formação do desígnio nacionalista e que teve alguns dos seus melhores filhos mortos na luta pela causa da libertação do país do jugo colonial (o papel das igrejas protestantes, principalmente da missão suiça é sobejamente conhecido na história nacional)... veja-se Manganhela e outros.
3. Insultou o seu próprio movimento cívico que só faz sentido num país independente. Quem nos garante que a paciência que Gagnaux nos sugere teria dado em nós como país independente hoje?
Admira-me que ninguém do JPC tenha vindo a público repudiar o insulto a nossa consciência e/ou mesmo a negação do complexo de valores que, mesmo não constando dos manuais de história, foram, sucessivamente nos impregnados a volta da fogueira ouvindo relatos de desterros, xibalo, pancadaria etc.
Mas desengane-se quem pensa que isto é um caso isolado. Mia Couto em vésperas de um 25 de Setembro em 2004, num artigo publicado pelo Savana, disse que a geração de 1962 tinha lutado contra para expulsar os portugueses "não porque eles fossem maus" mas porque queriam, eles mesmos (a geração de 1962) SER OS NOVOS "MAUS".
Portanto, quem acompanha os discursos de certa classe de moçambicanos, cujos pais e/ou avôs, não sofreram o que os avôs da maioria de nós sofreram do jugo colonial.
Ser libertador da Pátria não autoriza ninguém a delapidar o país. Nem os que não foram a LLN devem o fazer.
Concordo com o Mutisse respondendo ao Mapengo quando diz que: "Temos obrigação de questionar, ir a fundo nas questões relativas a nossa história, e não só. Mas não podemos ser emocionados nesse exercício. Temos que voltar a nós mesmos, a nossa história familiar do último século e encontrar motivos para a saturação que despoletou MANU's UNAMO's UDENAMO'S e depois a FRELIMO; o que estava em causa encontraremos também ai."
Interessante trazer aqui a reflexão do Emídio Gune
Prezados,
Sou mocambicano e nao me senti abusado, e me acho um patriota e apostolo da graca, pronto ja me entricheirei...
Quital se saissemos das trincheiras do libertou ou nao para trazermos argumentos para cada uma das posicoes que ate viraram 'cultura'. Entretanto, respeito quem preferir o entrincheiramento afinal e uma das varias formas de estarmos na vida.
Vamos la: Entre gerir colonias e pagar todos os custos das mesmas so para obter materia prima e mao de obra baratos, e continuar a te-las custos de gestao minimos, qual a melhor opcao? O que mudou na geo-estrategia de busca de mao de obra e materia prima barata, para alem da aceleracaso da transformacao das entao colonias em mercados para os produtos feitos com os empregos que exportamos, junto com a materia prima?
Os Ingleses que fizeram uma administracao indirecta de suas colonias fizeram-no porque gostavam delas? O que fez Portugal, um dos entao, maiores imperios estar onde hoje esta? Alguma relacao com a gestao directa?
'Colonizacao directa' nao e barata nao... A unica coisa que me parece e que nem tudo o que se sabe deve ser dito em qualquer lugar.
Votos de bom dia.
Emidio Gune
MAIS ESTA DO ANSELMO TITOS
Do combate a novos colonos à trincheira: a guerra vai ao adro!
O que Emídio diz não é de fácil percepção (talvez por eu ser jornalista e a profissão obrigar a abordar de forma simples para o cidadão médio) salvo o que diz no princípio da sua prosa: “Sou moçambicano e não me senti abusado, e me acho um patriota e apóstolo da graça, pronto já me entrincheirei...”
Mas há uma coisa interessante a reter no Gune: argumentos, esses que, para mim, faltam quase na maioria dos comentários até aqui feitos acerca da polémica da declaração do general Chipande (que doravante considero factor/causa) e da do ‘civil’ Gagnux ( consequência/efeito da primeira).
O problema para mim, continua a ser a falta de argumentos nos vastos comentários. – e nisso subscrevo o Gune. Disso resulta no facto de uns ( muitos) deixarem a causa/factor do debate ( a declaração do general Chipande) e apontarem os canhões literários contra a consequência ( opinião do ‘civil’ Gagnux).
Quando meu caro Mutisse reencaminhou-me o texto do Matsinhe ( o jurista político emergente) quis comentá-lo, mas abandonei a ideia em virtude de ter notado que, se o tivesse feito, estaria em concordância com Gagnux (o ‘inimigo número’ 1 do Matsinhe – note-se as aspas/comas , por favor) e consequentemente com António Muchanga, que , na prosa do Matsine é comparsa número 1’do Gagnux, logo também seu inimigo.
Me entrincheirei, confesso. Isto porque o debate está calvo de (contra)argumentos - que se requer bons – e, infelizmente, está farto de antigas cedes de ajustes de contas políticas mal paradas. E aliado ao facto de que não sou eu o discípulo de Gagnux – e muito menos do seu comparsa Muchanga – e sobretudo na falta de melhores Messias , reitero a minha repulsa em seguir a rota dos que almejam ser ricos – mas se tornaram endinheirados, segundo Mia Couto ! Onde está a melhor e primeira trincheira me achareis, companheiros!!!
Anselmo Titos/ @VERDADE
Subscrevo incondicionalmente o que o PATRIOTA afirma, na verdade é bom que que cada cidadão possa usar a liberdade de expressão, em democracia esse é um direito básico. Também é indiscutível que ninguém possui a verdade absoluta e devemos mesmo cultivar a tolerancia e respeito pelas opiniões alheias. Obrigado ao PATRIOTA pela sua lucidez, estamos juntos.
Eu não assisti à entrevista do Dr. Gagnaux e não sei qual foi o contexto das suas afirmações, pode ter sido infeliz mas também é possível que estejam a manipular o que ele afirmou. Quero recordar que previamente outros fizeram afirmações parecidas e não houve tanta controvérsia. O que me incomoda mesmo é o ataque pessoal ao Dr. Gagnaux por causa das suas supostas ideias e afirmações. É aqui que faz sentido o apelo à tolerancia e ao respeito pelas outras opiniões. A pergunta de Michaque Matsinhe : “ Há quanto tempo Gagnaux nos engana ? “ é totalmente descabida. O Dr. Gagnaux não precisa de se por em bicos de pés para se salientar como cidadão, ataquem as ideias mas não a pessoa.
Aproveito para dar uma outra perspectiva histórica. Sem querer de modo algum por em causa a Luta de Libertação, não é verdade que a Frelimo derrotou Portugal e que as derrotas dos portugueses nas colónias originaram o 25 de Abril. Portugal era um país pobre e com pouca população, por isso o esforço da guerra causava grandes problemas financeiros e humanos. Porém, a situação militar estava controlada, havia a consciencia de que não era possível naquela altura uma vitória militar para qualquer das partes. O Movimento dos Capitães, que mais tarde se transformou em Movimento das Forças Armadas, teve como origem um protesto sobre as condições dos Oficiais de carreira, a componente política veio muito mais tarde. Há muitas zonas de penumbra sobre as conversações, o Acordo de Lusaka, a descolonização, etc., foi um período muito conturbado, Fica a ideia de que a colonização foi má mas a descolonização foi também péssima. Suspeito que aqueles que afirmam que a Frelimo derrotou Portugal na guerra, são os mesmos que negam quando se afirma que a Renamo derrotou a Frelimo na guerra civil.
Finalmente, não comprendo o Matsinhe deste blog quando faz referencia ao Mia Couto. O que tem Mia a ver com as afirmações de Gagnaux? Será por ambos serem brancos?
sr José
Não percebi se o seu artigo é em defesa do Dr. Gagnaux pela sua posição ou se está a tentar trazer manifestações de racismo para um debate que tem a ver com a colonização quando alia Mia Couto a Gagnaux. Não transformemos um debate intelectual em palco para abafarmos as nossas mágoas saudosistas.
É estranho que sejam sempre aqueles que não sofreram na pele as agruras da colonização, que não sofreram a discriminação racial, cujos pais e avós não sofreram os trabalhos forçados do xibalo, que não sofreram a humilhação da palmatória a tentar inocentar a colonização e recusar mérito à luta dos Moçambicanos.
Nem misturemos partidos políticos, frelimos, renamos, etc com questões de soberania e dignidade de um povo que estão em causa neste tema. A liberdade de expressão não nos reserva o direito de colocar em causa a luta de libertação nacional.
colocar em causa a luta de libertação de Moçambique pressupõe colocar em causa a luta de libertação de todos os povos do mundo, sob pretexto de que os ventos de mudança acabariam por chegar. neste sentido a luta do povo americano contra os ingleses não faz nenhum sentido porque a mudança acabaria por chegar. ademais dificilmente se pode dizer que os colonos americanos derrotaram a poderosa inglaterra naquela altura. A luta do povo portugues contra a dominação espanhola nao faz sentido, alinal os ventos da mudança acabariam dando a independencia a portugal.
Aceitar as outras lutas de independencia e negar a nossa só pode ser racismo. Recusara nossa vitória contra os colonialistas portugueses e aceitar a vitoria dos norte americanos contra os ingleses só pode ser racismo.
Gagnaux falou com todo avontade e toda a naturalidade e não há indícios de manipulação porque apenas reproduz-se aquilo que ele disse publicamente. O ataque não é contra o Dr Gagnaux, mas sim contra as suas afirmações.
Estamos atentos ao que vocês dizem e escrevem porque a independencia Nacional permitiu-nos ir à escola.
Afonso Comé
Vozdarevolucao
As Vozes mudam de identidade mas o discurso e as insinuações insultuosas não mudam.
A liberdade de expressão é um exercício de cidadania e dá o direito de questionar tudo num contexto de seriedade e respeito.
Quem está a ter manifestações de racismo?
Quem alia Mia a Gagnaux?
Quem tem mágoas saudosistas?
Quem pôs a luta de libertação em causa?
Quem está a inocentar o colonialismo?
Esta Voz está a brincar com coisas muito sérias ao acusar-me do que NÃO afirmei e recorrendo a insinuações insultuosas, só lhe faltou a coragem de me chamar abertamente de racista e colonialista. Como seria de esperar, não leu atentamente e prefere deturpar o que escrevi atacando-me pessoalmente. Se o seu intuito é o ataque pessoal, não perca tempo, só fica desacreditado.
Como esta Voz não sabe ler com atenção e de forma imparcial, vou repetir o que afirmei:
1 – O ataque pessoal ao Dr. Gagnaux é inaceitável. Discordar SIM, ataque pessoal NUNCA!
2 – Não ponho em causa a Luta de libertação.
3 – O colonialismo foi mau e a descolonização foi péssima.
4 – É de mau gosto a referência a Mia neste contexto.
5 – A Frelimo desgastou os portugueses mas não é verdade que os tenha derrotado militarmente. Eu não sou dono da verdade absoluta, como Voz também não é, mas eu vivi pessoalmente esses acontecimentos e conheci Moçambique nessa altura.
Voz, quem são os Nós e os Vós a que se refere?
Fiz um apelo para a tolerância e respeito pelas ideias divergentes, sugerindo que se rebatam as ideias com argumentos coerentes e sem o recurso ao ataque pessoal. Pelos vistos, certas Vozes são insensíveis a esses apelos!
Voz da Revolucao fez duas ou tres perguntas interessante ques Jose nao respondeu. Eu proprio vou acrescentar algumas:
1= porque sao sempre as pessoas que nao sofreram os horrores do colonialismo que procuram deseperadamente embelezar o colonialismo?
2= porque se nega a vitoria dos movimentos de libertacao africanos sobre o colonialismo, e nao se nega, por exemplo, a vitoria dos norte-americanos sobre a poderosa inglaterra?
3= se Mia Couto e Gagnaux disseram a mesmissima coisa porque nao associa-los? Por serem brancos os dois?
4= Jose concorda conosco ou nao que eh racismo aceitar, por exemplo, a vitoria dos norte-americanos sobre o colonialismo e recusar a vitoria do PAIGC ou da FRELIMO? Os americanos nao alcancaram os seus objectivos? A FRELIMO e o PAIGC nao alcancaram os seus objectivos? O que eh que diferencia os dois contextos -americano e africano- ?
Caro Jose, preste atencao a partir de agora. Verificara que os unicos mocambicanos que tentam ensinar-nos que o colonialismo era uma boa coisa e que a luta armada nao valeu a pene sao sempre aqueles que, no passado, se beneficiaram daquele odioso sistema. Mesmo quando no inicio fingiram estar com Mocambique independente.
Verifique tambem que os brancos mocambicanos estao a fazer um conjunto de declaracoes estridentes e incongruentes tendo em conta o seu passado de alinhamento com o regime. Em minha opiniao esses concidadaos estao, de forma atipica, a reivindicar o espaco que perderam a partir da governacao de Chissano. Reivindicam esse espaco chantageando o poder, como quem diz: "Ou nos lugar nesse barco ou nos, ca de fora nos dedicaremos a fura-lo. E voces vao ter muito trabalho em tapar os buracos que nos vamos abrir". Pura chantagem!
Altenor Nuvunga
Martin, verifico que optou por tentativas desesperadas de manipular o que escrevi. Tal como à Voz, aconselho a ler atentamente e de forma imparcal o que escrevi.
Eu fui bem claro, não pus em causa a luta de libertação, APENAS me insurgi contra ataques pessoais e sugeri que a vitória da Frelimo não foi alcançada militarmente.
Qual é o problema, Martin? Continua a ter problemas com ideias divergentes?
Não sei exactamente quais as perguntas que não respondi à Voz, as minhas perguntas continuam sem resposta. Vou responder às suas perguntas:
1 – Eu não embelezo o colonialismo, o colonialismo foi mau e a descolonização foi péssima.
2 – A vitória da Frelimo não foi militar.
3 – Não estou certo se o Mia e o Gagnaux disseram as mesmas coisas nos mesmos contextos. Não percebo porque se ligam os dois nomes. Eu já li e ouvi afirmações do mesmo género proferidas por pessoas de diferentes raças. Porque se ataca pessoalmente Gagnaux, Mia e os brancos e não se usa o mesmo critério para outros? Isto pode ser entendido como uma forma pouco subtil de racismo.
4 – No contexto moçambicano, a Frelimo conseguiu os seus objectivos, embora não tenho ganho a guerra. Eu não compreendo porque este ponto é tão importante, uma vez que os objectivos foram alcançados. Houve muitos outros factores relevantes: o triunfo da democracia em Portugal, o direito à Independencia, a conjuntura internacional, o desgaste financeiro, etc.
Quem são os brancos a que se refere? A generalização que faz dos brancos e a balela de que reivindicam espaços perdidos, é um discurso desacreditado, bizarro , desajustado da realidade e perigoso porque tenta encobrir muita coisa. Isto tresanda a racismo primário!
O Martin tem grandes dificuldades em aceitar que os moçambicanos não se dividem em linhas raciais, o patriotismo não tem cor nem Partido.
O diálogo e o debate que Moçambique precisa jamais acontecerão numa base de intolerância, racismo, falta de respeito e ataques pessoais.
PS – Oh Martin, então agora tornou a mudar de nome?
Claro que voce sabe que Martin de Sousa nao mudou de nome. Voce percebeu perfeitamente que Martin postou um comentario, a pedido do seu autor, que de outro modo nao estava a ser aceite no politicando.
Caro Jose
Vou de novo abusar da generosidade de Martin, ja que este blog nao aceita comentarios anonimos e eu nao tenho blog proprio.
Queria lhe recordar que o exercito colonial entrou em colapso em Mocambique. As unidades comecaram, de repente, a recusar se a combater. Creio que se recorda da vergonhosa rendicao de Omar, sem que os guerrilheiros da FRELIMO tivessem disparado um unico tiro. Nessa operacao foram capturadas dezenas de militares portugueses. Diga me amigo Jose, quando o exercito inimigo se recusa a combater, desobedecendo ordens expressas dos comandos superiores e do Comandante em Chefe -Spinola- isso nao eh derrota militar? Na sua concepcao o que eh derrota militar?
Quanto a Guine, ai os portugueses tinham claramente perdido a capacidade de resposta perante um PAIGC pujante e imparavel. A proclamacao unilateral da independencia, em 1973, foi uma clara demonstracao de que o PAIGC dominava a quase totalidade do territorio.
Testemunhos isentos de operacionais portugueses honestos confirmam a realidade que expus.
O unico territorio onde a luta armada nao teve um impacto menos profundo foi Angola. E isto deveu-se as profundas divisoes do movimento libertador. Para alem de que existiam 3 movimentos, dentro do MPLA existiam evidentes e nao resolvidos problemas de dissidencia interna.
Caro Jose, os acordos para a independencia nao resultaram de uma vontade automatica das novas autoridades portuguesas. Durante varios meses, Spinola tentou impingir a solucao ultrapassada no tempo que havia delineado no seu famoso livro PORTUGAL E O FUTURO. Foi a desobediencia generalizada na frente de batalha que levou aos reajustamentos de poder em Lisboa e ao inicio de negociacoes serias com a FRELIMO e o PAIGC. Estes movimentos ameacavam cercar e forcar a rendicao do resto das unidades do exercito colonial em Mocambique e na Guine. Isto, caro Jose, se chama vitoria dos movimentos de libertacao. Sabemos que estes factos vos irritam como filhos ou netos de portugueses.
Altenor Nuvunga
Altenor, não podia saber que não era o Martin a escrever, não tenho o dom de adivinho e transmissão de pensamento e o Altenor não explicou a situação. Tudo bem, o que me interessa mesmo são as ideias, não as pessoas.
No dia 24 de Abril de 1974, véspera da Revolução dos Cravos que derrubou o fascismo em Portugal, a guerra em Angola resumia-se a incidents isolados e em Moçambique estava controlada, embora todos soubessem que tinha de haver uma solução política urgente para o conflito. Na verdade, na Guiné a situação estava má para os portugueses, embora a independência declarada pelo PAIGC servisse mais para efeitos de propaganda.
Os acordos resultaram da realidade de o fascismo ter sido derrubado e da constatação da necessidade de uma solução política e que todos os povos tinham o direito à independencia. Spínola já há muito que tinha perdido o poder de decisão, tinha sido ultrapassado pelos acontecimentos, demitiu-se pouco depois. Os acordos foram negociadas à revelia de Spínola.
Muito antes do Acordo de Lusaka, as ordens eram para não lutar, havia uma certa forma de cessar-fogo, embora não official. Os guerrilheiros da Frelimo confraternizavam com os militares portugueses nos quartéis. Eu assisti a essa confraternização muito antes de o Acordo ter sido assinado. Depois do 25 de Abril, praticamente não havia guerra em Moçambique. Eu sei porque vivi pessoalmente todos esses acontecimentos em Moçambique.
Altenor, quer mesmo abordar o caso Omar? Em que ficamos, os soldados portugueses renderam-se ou foram capturados?
Eu estou um pouco apertado por causa da falta de tempo, mas voltarei para conversar sobre Omar.
Só uma pergunta: a proveniência dos meus ou dos seus antepassados é relevante para qualquer tipo de debate? Porque devo ficar irritado? Não percebo essa lógica, caro Altenor.
Volto, penso!
Espero que, aquando do seu regresso para falar de Omar se refira aos motins dos colonos na Beira, nos quais acusavam os militare de falta de valor. Isto em 1973. Explica-nos como isso se enquadra na sua afirmacao de que a situacao militar estava controlada.
Devo recordar ao amigo Jose que um dos objectivos da operacao No Gordio era confinar os guerrilheiros da Frelimo nos seus santuarios de Cabo Delgado e de Niassa. Foi durante essa operacao que a guerrilha atravessou o Zambeze e propiciar a abertura das frentes de Tete e de Manica e Sofala. O avanco da Frelimo era tao inexerovel que deixou nervoso o exercito colonial. Eh esse inexerovel avanco que leva os portugueses a optarem por massacres como os de Wiriamu, de Juwau e outrod. Quando fala do controlo da situacao militar refere-se a isto?
Altenor
Ok, vamos então conversar sobre Omar?
Este episódio é importante porque foi utilizado por Samora Machel na mesa de conversações para pressionar os negociadores portugueses e revela o clima que se vivia em Moçambique. Já conheço a sua versão, mas quero apresentar uma outra versão.
No dia 28 de Julho de 1974, portanto muito antes do Acordo de Lusaka, o Presidente Spínola afirmou: “ Porque cessaram as razões dos combates, as forças de um lado e outro poderão dar-se as mãos como camaradas de armas de nações irmãs no mundo lusíada “. Como afirmei previamente, por essa altura havia alguma confraternização entre os militares portugueses e a Frelimo, a guerra praticamente tinha terminado, registando-se apenas alguns incidents isolados. Foi neste cenário que se deu o caso Omar.
Na madrugada de 1 de Agosto, um grupo de guerrilheiros da Frelimo entrou em contacto directo através de megafones com a guarnição do posto ( Notícias de Lourenço Marques, 3/8/74 ) “ proferindo frases de paz, afirmando que a guerra tinha acabado, e solicitando ao alferes – comandante da guarnição – que reunisse o pessoal junto à pista “ – do campo de aviação que tinham construído junto ao “forte” – “ porque lhe queriam falar “. Quando o “ pessoal confiadamente e desarmado “ estava no campo – um grupo de 300 elementos “ que se encontrava emboscado “ entrou no quartel, aprisionou as sentinelas que lá tinham ficado, e, em seguida, os militares que tinham ido para a pista, onde estavam a confraternizar com os elementos frelimistas que se tinham apresentado desarmados. Os militares aprisionados foram levados para a Tanzânia, onde se apressaram a regressar os guerrilheiros da Frelimo, e onde chegaram no próprio dia 1.
Vem a propósito referir que antes os guerrilheiros procuraram, por um estratagema semelhante ao usado em Omar, aprisionar a guarnição militar de um distrito de Tete. Como noticiava o jornal “ O Século “ de 20 de Julho de 1974, os guerrilheiros apresentaram-se alegando propósitos de paz, o que os soldados admitiram. Quando pretenderam,porém, aproveitar-se da boa vontade com que os militares os estavam a receber para dominar o posto, os soldados reagiram.
Caro Altenor, há várias zonas de penumbras na nossa História, nem vale a pena continuarmos o debate, o principal já foi dito. Também estou com problemas de falta de tempo. Penso que é evidente que temos visões diferentes, mas como devemos concordar, não somos possuidores da verdade absoluta. O facto de pensarmos de modo difrente , não quer dizer que estamos condenados a ser inimigos. Devemos capitalizar no que nos une e não no que nos separa. Como referi, Moçambique precisa de diálogo e debate, mas isso só pode acontecer quando há respeito pelas opiniões divergentes.
Saudações amistosas,
José
Jose, procure o jornal Savana da epoca do 25 de Setembro de 2004 e leia a resposta de Julio S. Mutisse no jornal Noticias de 2 ou 3 de Outubro de 2004 e edicoes subsequentes para perceber a ligacao Mia Gagnaux e os insultos aos nossos antepassados mais proximos e mais distantes vindos desta figuras cujos avos nao tem ideia do que os nossos sofreram e devem ter beneficiado do espolio (se nao material pelo menos imaterial) da dominacao colonial. Depois volte para questionar a ligacao e o resto.
Racismo? Juro que nao sou racista mas detesto ver brancos a tentarem, no seculo XXI, fazer de nos parvos e a minimizarem os nossos ganhos e a porem em causa nosso orgulho.
Matsinhe, todos temos o direito à indignação, mas a minha sugestão continua a ser de que nunca se deve recorrer ao ataque pessoal, devemos combater vigorosamente as ideias mas não as pessoas. Nem por um momento vou acreditar que o Mia e o Gagnaux sejam colonialistas ou racistas.
Depois, continuo a achar infeliz que identifiquem o Mia e o Gagnaux como brancos, se fossem de outra raça a indignação seria a mesma? Porque Muchanga aparentemente foi tratado de modo mais leniente?
Foram só os brancos que beneficiaram do espólio colonial? Todos os brancos beneficiaram? Não me parece!
A generalização em relação aos brancos é simplesmente inaceitável e irracional. Se eu afirmar que todos os negros são corruptos e todos os asiáticos são exploradores, isso será aceitável? A moçambicanidade não tem cor, região ou Partido.
Sejamos coerentes mesmo na indignação!
Oh Matsinhe, um pouco de moderação não te ficava nada mal.
José, eu "criei" o Gonçalves Matsinhe; é meu miúdo. Acredite que por detrás de tanta agressividade na forma de se expressar, não há maldade nenhuma.
De facto há coisas que não podemos achacar apenas aos brancos; há muitos não brancos para os quais o sistema colonial, de certa forma, aproveitava. Não estou só a referir-me aos que se decidiram pela assimilação (quais quibons, pretos por fora, brancos por dentro), mas muitos e muitos outros.
Também há muita boa gente que, apesar de seus descendentes serem originários da Europa, abraçaram a causa da moçambicanidade e se engajaram a construir este país nas suas mais diversas frentes.
Todos nós sentimos orgulho do Mia enquanto escritor moçambicano mais lido e divulgado não só em Moçambique como no mundo todo. Ele me representa e não é a sua condição de não negro que retirará isso.
Isso quererá dizer que não me indigne perante o que acho incorrecto? Não. Indignei-me em 2004 perante declarações similares do Mia, fiquei estupefacto quando as ouvi de novo do Gagnaux.
Na verdade eu acho que discutir estes assuntos só nos distrai do essencial; contra factos não há argumentos e, acredito, Gagnaux não terá como argumentar contra a história. Não falo aqui da história escrita em Moçambique, mas da que vários historiadores, incluindo portugueses, se referiram em ensaios diversos que colocam as guerras coloniais no topo das razões que ditaram o 25/04.
O essencial neste momento seria, em minha opinião, começarmos a discutir o país na perspectiva do seu crescimento...
Philipe Gagnaux devia retratar-se perante os Moçambicanos, principalmente os jovens, pelas suas declarações. Esperamos que o bom senso o chame à consciência.
vozdarevolução
Voz, isso seria reflexo de humildade. Quem te disse que Gagnaux eh humilde?
Em 2004 Mia tentou dizer que nao disse o que disse respondendo ao Mutisse com base numa carta posterior na qual enaltecia os mesmos que tinha insultado em carta ao savana. Acho que era o reconhecimento de que tinha metido o pe na pocca e insultado os mocambicanos. Tinha sido infeliz e, a maneira dele, se distanciava da sua infelicidade.
Gagnaux nao chegara a isso. Precisaria de algo mais para tamanha defacatez.
GM
Quem pensa que a Frelimo, ou qualquer outro dos moviventos de libertação - em guerra contra o colonialismo Portugûes - derrotaram as forças armadas Portuguesas, está muito enganado! As perdas do lado Portugûes eram minimas. Segundo as estimativas, morreram 3000 soldados Portugueses em Moçambique (em dez anos) ! Isso é bem longe duma derrota militar! Ó que desgastou mais as forças Portuguesas foi sim a longa duração duma guerra em trés frentes (trés paises muito dispersas), e a probablidade de não haver uma solução militar para o problema. Se o Salazar não tivesse morrido, era muito provável que a gtterra ia continuar muito para além de 1974!
Postar um comentário